Dizer que Dalton Vigh é o eterno Said, que conquistou o público em "O Clone" (2001) e quase fez a indecisa Jade (Giovanna Antonelli) deixar de lado o sonso Lucas (Murilo Benício), é injusto. Depois desse fenômeno, o ator fez outros bons papéis na TV, como o vilão Marconi Ferraço, de "Duas Caras" (2007); e o chef Renê, que foi disputado pela vilã e pela mocinha de "Fina Estampa" (2011). E agora o ator está de volta à telinha como o médico Tomás, em "I Love Paraisópolis" (Globo). Desta vez, ele só tentará conquistar o amor de uma mulher, a filha que ele nem sabia que existia, Marizete (Bruna Marquezine) "O Tomás é um médico que mora no Morumbi. Ele nasceu em Paraisópolis, mas estudou, fez faculdade de medicina, deixou a comunidade, se casou e constituiu família. Ele volta para o local como voluntário no posto de saúde, tentando se redimir de uma besteira que fez no passado. Aos poucos, descobre que é o verdadeiro pai de Marizete e, a partir daí, tentará conquistar o afeto da filha", conta o ator, que terá mais dois filhos na história. A tarefa não será nada fácil porque a batalhadora Marizete tem uma vaga noção de que o pai é um verdadeiro cafajeste. Abandonou sua mãe, que morreu no parto, quando ela estava grávida. A jovem foi criada pelo ex-casal Eva (Soraya Ravenle) e Jurandir (Alexandre Borges), que não gosta do médico. "Sim, ele errou. Muitos não gostam dele por isso. No começo, Eva e Jurandir têm uma resistência contra Tomás. Espero que esse problema seja superado porque eles eram amigos de infância. Esse personagem tem uma curva dramática deliciosa, o que é o sonho de qualquer ator. Ele busca a redenção. Uma pessoa que sabe que errou feio no passado e está tentando fazer algo para reverter isso", comenta Dalton. "I Love Paraisópolis" tem, obviamente, um cunho social. Fala de uma região em que apenas uma avenida separaos mais pobres dos mais ricos e, segundos os autores (Alcides Nogueira e Mario Teixeira), mostrará como eles convivem de uma forma harmoniosa. Para Dalton, toda novela tem um papel social. "Por mais ficção que seja, é sempre um retrato da vida. Os autores usam fatos corriqueiros como base para escrever a trama e isso causa uma reflexão. O brasileiro se vêna novela", comenta. De qualquer maneira, quando o assunto é Paraisópolis, o ator está mais com os pés na ficção do que na realidade, pois, apesar de morar em São Paulo, ainda não visitou a comunidade. Até agora só gravou na cidade cenográfica montada no Projac (estúdios da Globo no Rio de Janeiro). "Estou devendo ir para lá. A associação de moradores abriu as portas para a equipe da novela. Muita gente já foi. O Caio (Castro) se enfiou lá no meio. Eu fiquei devendo! Mas, como moro em São Paulo e venho para cá sempre, vou poder dar um pulo lá mais de uma vez". Dalton faz questão de ressaltar que a nova novela das sete mostra um pouco das comunidades de São Paulo para o mundo. "O Rio é mundialmente conhecido também por suas favelas. Agora, chegou a hora de mostrar a realidade de São Paulo. A expectativa é a melhor possível. Todos esperam um ótimo ibope". Se a novela surfar na ótima onda de "Alto Astral", tudo pode terminar bem. De qualquer maneira, tem gente apostando que "I Love Parasópolis" tem alguma coisa de "Avenida Brasil" (2013). "Não, são temáticas diferentes, universo diferente. E a gente nunca poderia contar uma história como a de 'Avenida Brasil' por conta dohorário. É outro tipo de registro. É mais leve, tem um pouco mais de comédia do que no horário das nove. Novela das 21 horas é sempre uma trama mais consistente, mais densa, mais escura, e novela das 19 horas é mais solar, alegre". O ator sabe do que está falando. Afinal, já estrelou algumas tramas no horário nobre da Globo.