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Caderno D

Rodrigo Santoro é um dos astros do filme 'Os 33' que estreia dia 29

18 outubro 2015 - 07h00

Como milhares de pessoas em todo o mundo, o ator Rodrigo Santoro acompanhou angustiado o drama de 33 mineiros chilenos que, em 2010, ficaram soterrados em uma mina a 688 metros de profundidade, durante 69 dias, depois de uma explosão. A operação de resgate foi algo sem precedente na história da mineração e durou quase 23 horas. E, logo que todos foram salvos, descobriu-se uma história sensacional de preservação da sobrevivência, baseada no trabalho conjunto. "Fui um espectador da tragédia", conta Santoro. Ele é um dos astros de “Os 33”, filme dirigido por Patricia Riggen, que estreia no dia 29, e que conta ainda com o espanhol Antonio Banderas, a francesa Juliette Binoche e o americano Gabriel Byrne. Inicialmente cotado para viver Florencio, o primeiro dos 33 mineiros resgatados, Santoro interpreta Laurence Golborne, o ministro das Minas e Energia. Uma troca favorável - seu personagem conduz a emoção do filme, pois foi Golborne quem insistiu na salvação dos trabalhadores no momento em que parecia que nenhum mais estava vivo - foram 17 dias sem contato até a equipe de resgate receber um bilhete, que dizia: "Estamos muy bien en el refúgio los 33". Sobre seu trabalho, Santoro comentou: O que te atraiu no projeto? Fui um dos expectadores desse evento. Acompanhei a cobertura da mídia desde o início, quando estava nos Estados Unidos e depois já no Brasil. Quando percebi, estava absolutamente envolvido. O que me interessou foi saber que o roteiro seria construído a partir do depoimento dos mineiros. Isso me pareceu muito interessante porque já tinha um envolvimento pessoal com a história. O projeto, porém, não saiu de imediato até que, em 2013, foi feita a captação. Inicialmente, eu viveria um dos mineiros, mas o roteiro foi mudando. Sempre gostei da ideia de fazer parte do filme, mas estava querendo encontrar um personagem que me estimulasse. Até que me convidaram para viver o ministro, personagem que fazia contraponto com os demais, pois, enviado pelo governo, coordenou o resgate e deu assistência às famílias. Foi uma experiência sensacional. O ministro torna-se o porta-voz dos mineiros. Um dos detalhes que descobri quando fiz a pesquisa - e que tentei interpretar de forma sutil - foi a transformação interna de alguém inicialmente distante do drama, com a missão de resolver um problema que lhe exige praticidade, racionalidade, mas que, aos poucos, vai se envolvendo, até mudar sua relação com esse problema. Uma cena emblemática é a que mostra o ministro recebendo um sonoro tapa no rosto, dado por Maria, vivida por Juliette Binoche, que não se conforma de não receber notícias de seu irmão soterrado. Não sei se você reparou, mas não foi um tapa coreografado. É verdade. Seu rosto ficou em brasas. Foi feito com todo o cuidado, mas sugeri a Juliette que fosse realista. Fiquei honrado de receber um tapa dela. Gabriel Byrne vive o técnico encarregado de salvar os mineiros mas, em um dado instante, desiste pois acredita que estão todos mortos, ao contrário do ministro. É um cara mais cartesiano, realista. Para ele, todos já estariam mortos. Já meu personagem representa o país. A partir do momento em que o governo assume a responsabilidade que era dos donos da mina, ele passa a lidar com vidas e seu envolvimento com o caso cresce à medida que vê o sofrimento de Maria. Percebe que é impossível não sentir a mesma dor. O filme traz o retrato da condição humana, não? Sem dúvida. Mostra um exercício de superação. Por que mais de um bilhão de pessoas acompanharam a história pela TV? Acidentes acontecem a todo instante, mas aquele comoveu o planeta por mostrar temas universais, como a superação. Eram 33 homens que passaram 17 dias sem contato com o mundo, mas não desistiram. Mantiveram a fé e organizaram um trabalho coletivo para sobreviver. Isso ganha uma proporção absolutamente extraordinária, pois mexe com arquétipos, sensações e questões muito universais de fácil identificação e comoção.

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