O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), avalia que a situação do bullying nas escolas da rede estadual é mais complexa do que parece. Na última semana, o secretário da Educação, Rossieli Soares, anunciou que três em cada dez alunos da rede estadual de São Paulo afirmam ter sido vítimas de bullying.
O estudo foi realizado em novembro de 2019 pelo Instituto Ayrton Senna e ouviu 110 mil estudantes do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. O anúncio dos dados foi feito em coletiva de imprensa virtual em que estiveram presentes o chefe da pasta e a gerente executiva do EduLab21 do Instituto Ayrton Senna, Gisele Alves.
De acordo com Ana Lucia Ferreira, diretora da executiva estadual da Apeoesp, os dados são contraditórios já que foram feitos pelo Instituto Ayrton Senna.
"Eu não acho negativo ter pesquisas que denunciam a situação das escolas, mas questiono como e por quem são feitas. Não confio em uma pesquisa de escola pública feita por uma instituição que defende o ensino particular, é muito questionável", disse a representante da Apeoesp.
Segundo os dados divulgados pela Secretaria de Educação, 29,72% dos alunos reportaram ter sofrido intimidações ou humilhações nos 30 dias anteriores ao estudo. Dos que relataram sofrer bullying, 16,1% apontaram a aparência do corpo como motivo, seguido de 14,5% que indicaram as características do rosto como motivo das agressões.
Apesar da desconfiança dos dados, Ana Lucia admite que a situação do bullying é uma realidade nas escolas estaduais. Segundo ela, é preciso que medidas sejam tomadas para combater a violência na escola, mas a tarefa não será fácil, já que envolve um debate com toda a sociedade.
"É complicado pois envolve uma discussão que afeta a sociedade de modo geral. Erroneamente se atribui à escola uma educação que começa em casa. Nas escolas, é necessário que existam ações afirmativas para o combate ao bullying, projetos precisam ser desenvolvidos", destacou.
Na coletiva, o secretário da Educação, Rossieli Soares disse que os dados da pesquisa servem como direcionador para ajudar no desenvolvimento de ações que combatem a violência no ambiente escolar.
"A pesquisa serve como um direcionador, para nos ajudar nestas questões. Assim, podemos dar suporte nas dificuldades que estão relatando”, explicou na ocasião.