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Cidades

Busca por cloroquina nas farmácias segue ‘quase zero’ em Suzano

Por não apresentar comprovação científica de sua eficácia no combate ao vírus e ainda trazer complicações à saúde, a população passou a ter maior desconfiança

10 maio 2021 - 13h13Por Matheus Cruz - de Suzano
A busca por cloroquina nas drogarias de Suzano segue “quase zero”. De acordo com farmacêuticos e profissionais que atuam na venda de medicamentos, a procura segue em baixa desde o final do ano passado. A cloroquina chegou a ter grande busca no início da pandemia, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a recomendar o remédio como suposto tratamento para curar a Covid-19. 
 
Por não apresentar comprovação científica de sua eficácia no combate ao vírus e ainda trazer complicações à saúde, a população passou a ter maior desconfiança no remédio, é o que explica a farmacêutica Camila Souza, que trabalha em uma farmácia localizada na rua General Francisco Glicério, no Centro. 
 
“Hoje as buscas pela cloroquina estão em quase zero. Aos poucos, as pessoas foram identificando que o medicamento não tem eficácia contra a Covid, e por isso pararam de tentar comprar. Chegaram a ter mortes de pessoas que usaram de forma indevida. Ainda temos em estoque, mas ninguém mais pergunta sobre”, comentou. O mesmo ocorre na drogaria em que a gerente Priscila Moraes atua.
 
De acordo com ela, apenas pessoas que já usavam o medicamento para outros tratamentos ainda procuram por ele. “É o único público que ainda vem comprar o remédio. De resto, identificamos uma queda significativa. Ainda temos em estoque, mas só é vendida para quem apresenta receita”, destaca. As buscas pelo medicamento registraram pico em abril de 2020. Naquela época, o país ainda começava a entender a gravidade da chegada do novo vírus.
 
Com o desespero de parte da população e o incentivo por parte do presidente, os estoques da cloroquina precisaram ser reforçados nas farmácias. “Era um momento de muitas dúvidas. As pessoas só queriam uma saída, mas não sabiam da real eficácia. Com a procura, quem realmente precisava acabou ficando sem, foi um momento difícil”, lembra a farmacêutica Renata Rodrigues, que atua em uma drogaria no Centro de Suzano. Para controlar o acesso ao medicamento e evitar a falta dele para quem realmente precisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução em que instruía as farmácias e drogarias a venderem o medicamento apenas sob prescrição médica, com receita especial de duas vias.
 
A iniciativa ajudou no controle de entrada e saída do remédio. “Agora com a obrigatoriedade da receita ficou mais organizado”, completou Renata. O impacto da procura também foi sentido nas farmácias de manipulação. Segundo o farmacêutico, que prefere não ser identificado, a irresponsabilidade das pessoas contribuiu para a falta de matéria prima para a produção do medicamento.