O Movimento Negro de Suzano afirmou durante o programa DS Entrevista que as "cotas não são um favor". A fala surge em relação ao projeto de lei que destina 20% vagas oferecidas em concursos públicos de Suzano para negros, de autoria do vereador Antônio Rafael Morgado (PDT), mais conhecido como professor Toninho Morgado.
Segundo coordenador da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro), Edson Pereira Reis, o Edinho, a política de cotas raciais e sociais são uma forma de reparação histórica pela escravidão e desigualdade sofrida pelos negros após a abolição da escravatura.
"O Estatuto da Igualdade Racial completou dez anos em julho, e é uma luta do movimento negro para que seja aprovado. A política pública que temos hoje é para podermos reparar o que aconteceu com o nosso povo negro e preto. A cota é uma reparação do Estado, e não um favor", esclarece Edinho.
Cosme Nascimento, presidente do movimento Negro Sim, explica que Suzano seria o segundo município do Alto Tietê a sancionar uma lei nesse sentido, atrás somente da cidade de Poá, que aprovou o projeto ainda em abril de 2017.
"Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 45% da população é negra e afrodescendente. Quando juntamos todos os movimentos negros do município, junto com o vereador Toninho Morgado, foi na necessidade de pautar essa política pública", ressalta Nascimento.
Para a professora Inês da Silveira, coordenadora do Coletivo Antirracismo Milton Santos do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e uma das fundadoras do Coletivo Negro Sim, a luta enfrentada pelos negros é uma luta árdua de convencimento, tanto das autoridades como de todos os brasileiros.
"Esse convencimento precisa se dar através da história, de fatos reais. De como é a população negra, de como vivemos, de como estamos inseridos na sociedade, e de qual é o papel que estamos desenvolvendo. As cotas vão dar acesso aos cargos majoritários e tirar o estereótipo de que os negros não têm capacitação para estar à frente desse tipo de cargo", conclui.
Segundo os integrantes do Movimento, a votação do projeto na Câmara de Suzano será realizada em setembro.