O feminicídio em Suzano segue como uma preocupação. Em maio de 2024, um caso foi registrado, e, neste ano, foi registrada uma tentativa de feminicídio. A Delegacia da Mulher possui medidas protetivas fundamentais para garantir a segurança das vítimas. Embora não sejam 100% eficazes, ajudam a prevenir um grande número de casos.
Em entrevista ao DS, a delegada da Mulher de Suzano, Silmara Marcelino, contou que os casos mais frequentes de violência contra a mulher envolvem lesão corporal e ameaça. “A violência física é mais fácil de identificar, pois deixa marcas. Mas a psicológica, que muitas vezes antecede a física, é mais difícil. Muitos casos começam no namoro, com controle sobre a roupa, as amizades e o comportamento. Aos poucos, a vítima se afasta da família e dos amigos até se ver isolada. A Prefeitura de Suzano tinha uma campanha ilustrando isso com uma régua, mostrando como a violência pode escalar de um comentário controlador até uma agressão grave e, em alguns casos, o feminicídio”.
Segundo a Delegada, existem casos em que a mulher se sente insegura ou com medo de denunciar, mas esse primeiro passo é o mais importante. “Normalmente, o agressor é alguém próximo, o que torna a denúncia emocionalmente desafiadora. Mas a vítima precisa saber que não está sozinha. Existem canais de denúncia anônima, e dar o primeiro passo é essencial. Estudos mostram que, em média, uma mulher tenta sair desse ciclo sete vezes antes de conseguir. A frase da Maria da Penha resume bem: "A vida começa quando a violência termina". É isso que queremos para todas as mulheres”, disse.
Mês da Mulher
Este ano, para a comemoração do Mês da Mulher, o Demacro (Departamento de Polícia da Grande São Paulo) decidiu focar no bem-estar de suas policiais, além da conscientização e combate à violência contra a mulher. Durante o último fim de semana, organizaram dois dias especiais em Suzano para incentivar o autocuidado.
De acordo com Silmara Marcelino, esses eventos reforçam a importância de se cuidar, pois a rotina pode se tornar muito exaustiva. “Vivemos uma correria intensa, especialmente em cidades grandes como São Paulo. As pessoas vão de casa para o trabalho e vice-versa, sem tempo para si mesmas. Quando percebem, já estão com burnout, depressão ou outros problemas. O autocuidado precisa ser diário. É um processo que nos fortalece para lidar com os desafios da profissão e da vida”.
Além disso, na DDM de Mogi das Cruzes, um evento com fisioterapeutas, nutricionistas e esteticistas foi promovido. Em ambas as delegacias de Suzano e Mogi, as policiais foram presenteadas com um café da manhã especial, que tinha como objetivo valorizá-las e conscientizá-las sobre a importância do autocuidado.
DDM 24 horas
O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, inaugurou no último sábado (8), sete DDMs 24 horas no interior do Estado. “A violência não tem hora para acontecer, então as vítimas precisam de um local que as acolha a qualquer momento. Embora as delegacias comuns possam registrar ocorrências, as DDMs oferecem um atendimento especializado, com profissionais preparados para lidar com esses casos de forma humanizada. Esse acolhimento faz toda a diferença para que a vítima se sinta segura ao denunciar. O governador tem essa intenção e, aos poucos, novas unidades estão sendo estruturadas para esse funcionamento integral”, disse Silmara Marcelino.
Na cidade de Suzano, no entanto, não há nenhum pedido oficial para a instalação de uma unidade. “Que eu saiba, até agora não teve nenhum pedido para isso. No entanto, temos as Salas Lilás nas delegacias comuns, que ficam abertas 24 horas e prestam atendimento especializado.
Outra iniciativa importante é a DDM Online, que foi ampliada neste mês pelo Governo do Estado. Agora, as vítimas podem ser atendidas por videoconferência por policiais e delegadas, recebendo orientações e registrando ocorrências de forma remota”, afirma a delegada, durante entrevista.