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Jornal Diário de Suzano - 24/11/2024
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Cidades

PL domina Alto Tietê com 43 vereadores e 5 prefeitos para 2025

Partido Liberal elegeu 2,2 vezes mais vereadores que o segundo colocado, Podemos

12 outubro 2024 - 05h00Por Fernando Barreto e Guynever Maropo - Da Reportagem Local
O Partido Liberal (PL) dominou as eleições para vereador no Alto Tietê. No último domingo, o partido elegeu 43 vereadores e cinco prefeitos (Mogi, Suzano, Itaquá, Biritiba Mirim e Guararema). O número é 2,2 vezes mais parlamentares quando comparado ao segundo colocado, Podemos, que elegeu 19. Em relação a prefeitos, o Podemos tem as ciddes de Ferraz de Vasconcelos, Salesópolis e Santa Isabel. O PP elegeu Poá, o PSD, Arujá.
 
O levantamento foi realizado pelo DS com base nos resultados apresentados no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, 18 partidos elegeram pelo menos um representante. Nas oito primeiras posições, aparecem apenas partidos de direita ou centro-direita: PL (43), Podemos (19), PSD (16), MDB (11), PP (10), PRD (9), Republicanos (9) e União Brasil (9).
Na nona posição está o PSB que elegeu 6 vereadores. A sigla é a melhor posicionada dentre os partidos mais à esquerda do espectro político. O partido atualmente integra o vice-presidente Geraldo Alckmin, e teve Tabata Amaral concorrendo na Capital paulista. Outro nome forte da sigla é João Campos, prefeito de Recife, eleito em primeiro turno. Siglas de esquerda, como o PT, PCdoB e PSOL, elegeram quatro, dois e um vereador, respectivamente.
 
Especialistas
 
O DS buscou dois especialistas em política no Alto Tietê para entender mais sobre o que os números apontam. Questionados sobre o que na avaliação de cada um a vitória expressiva do PL na região significava, os dois afirmaram que prova da força de Valdemar Costa Neto, o Boy, no Alto Tietê e o quanto a região segue conservadora.
 
O sociólogo Afonso Pola destacou a força de Boy, mas também o poderio econômico do partido, tanto pela verba pública via fundo partidário e eleitoral, quanto de investimentos privados. Segundo explicou, a região é conservadora e a prova está em momentos onde a esquerda era muito forte e ainda sim nunca governou na região. “Além disso, o perfil social predominante nessa região sempre foi e, ainda é, bastante conservador. Basta ver que, mesmo em momentos em que a esquerda tinha mais influência na política nacional, ainda assim essa força política nunca conseguiu ampliar sua participação na política de seus municípios. Isso com raríssimas exceções, como o caso do Marcelo Cândido em Suzano”, disse.
 
O cientista político Eduardo Caldas vai além, e diz que além da força do PL e de Valdemar, a morte de outras lideranças deu espaço para o crescimento do partido visto no último domingo. “A região é tradicionalmente disputada por diferentes setores da direita. O que segurava o PL era o antigo DEM e o PSD. Com a decadência e morte de Estevam Galvão, o PL encontrou espaço para sua expansão”, explicou.
 
Afonso ressalta a força da direita para eleger prefeitos, em especial, o PL, que fez cinco, em Mogi, Suzano, Itaquá, Biritiba e Guararema. O DS também questionou se essa vitória expressiva pode significar que a sociedade é mais de direita. Afonso descarta essa possibilidade e cita um levantamento realizado pelo PoderData, o qual indica que há uma divisão muito justa entre os campos políticos.
 
“Não dá para negar (o avanço da direita). Mas de uma forma geral, a sociedade continua muito dividida politicamente. Uma pesquisa do PoderData indicou que 28% se consideram de direita, 21% de esquerda e 20%de centro. Como essa região é mais conservadora, creio que a direita e o centro devem ter percentual superior”, disse.
 
Eduardo Caldas, por outro lado, diz que não se pode afirmar isso porque a região sempre foi mais conservadora e de direita. Ou seja, ela não está mais hoje, mas sempre foi assim. Ele cita, por exemplo, o bispo da Diocese de Mogi, Dom Pedro Luiz Stringhini, o qual, segundo Eduardo, é mais progressista, algo inédito na região.
 
“O PT na região nunca foi forte. A Igreja Católica da região também foi conservadora. É a primeira vez que a Igreja Católica tem um Bispo progressista na região. Então é uma região conservadora”, afirmou.
 
O DS também perguntou se o fato da região ter poucos políticos de esquerda é exclusivo daqui ou reflexo de algo a nível nacional. Para Eduardo, é algo do Alto Tietê. Já Afonso explica que é a combinação dos dois, pois em nível nacional o PT perdeu representatividade. “Todo e qualquer dimensionamento no âmbito nacional, precisa de um ajuste mais à direita no Alto Tietê”.
 
Por fim, a reportagem também indagou os dois especialistas se ser filiado a um partido de esquerda seria ruim aos olhos do eleitorado. Eduardo Caldas descarta, assim como Afonso, que diz que a esquerda no Brasil “sempre encontrou certa dificuldade no exercício da sua opção política”.
 
“De forma mais ou menos intensa, de acordo com o período analisado. Basta comparar o nível de acirramento vivido nas eleições de 2018, 2022 e agora”, explica.
 
Ele afirma que acompanha a política no Alto Tietê desde 1996, e nunca presenciou momentos tensos. “A não ser mais recentemente, com a popularização do uso das redes sociais como instrumento de campanha, onde muitas vezes imperam falas mais violentas e as já famosas fakes news”.
 
Brasil
 
Em nível nacional, o partido que mais conseguiu eleger vereadores em 2024 foi o MDB, com 8.113. O que tem menos é o PSOL, com 80. Desde pelo menos 2008, o MDB lidera em número de vereadores eleitos. O PP manteve sua vantagem sobre o PSD em número de vereadores eleitos, consolidando-se como a 2ª maior força nas câmaras municipais, com 6.947 vereadores.
O PSD, criado por Gilberto Kassab em 2011, conquistou 6.622 cadeiras agora em 2024. Depois de participar de 4 eleições municipais, o partido se firma como a 3ª maior força legislativa nas cidades.
 
O PT, que registrou uma queda no número de vereadores eleitos de 2.806 em 2016 para 2.667 em 2020, elegeu desta vez 3.127 representantes. Ainda no campo da esquerda, o Psol conquistou 80 cadeiras municipais em comparação às 93 do pleito anterior, um recuo de 13 postos. Já o PL elegeu 4.957 vereadores neste ano. Nas eleições de 2020, a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro havia conquistado 3.463 cadeiras.
 
Unificação partidária
 
A unificação partidária de forças de centro-direita é como especialistas políticos classificam a eleição de 2024 e a candidatura dos novos prefeitos eleitos na região.

Não apenas na região, mas em todo o país, observa-se um aumento significativo no número de prefeituras que serão comandadas por legendas do chamado Centrão e da direita a partir de 2025. Dos 5.466 prefeitos eleitos no domingo, 4.955 são de partidos como PSD, MDB, PP, União, PL, Republicanos, PSB, PSDB, PT e PDT. O PSD foi o partido que conquistou o maior número de municípios, com 877 prefeituras, seguido pelo MDB, com 846, e o PP, com 743. Esses dados foram atualizados pelo sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até as 21h de segunda-feira.

Das dez cidades da região, cinco elegeram prefeitos do Partido Liberal (PL), seguido por três prefeitos eleitos pelo Podemos (Pode). O Partido Progressista (PP) conquistou uma prefeitura, assim como o Partido Social Democrático (PSD).
A maioria nas Câmaras Municipais também reflete essa tendência. Dos 154 vereadores eleitos nas dez cidades, 43 são do PL e 19 do Podemos. Os demais se dividem entre outras legendas. A esquerda teve pouca representatividade, elegendo apenas quatro vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT) na região.

Com a maioria de prefeitos e vereadores eleitos de centro-direita, aumentam as chances desses partidos elegerem mais deputados e senadores em 2026, ampliando sua influência no próximo Congresso Nacional.
Para o cientista político e especialista em marketing político, Fernando Ivo Antunes, "o que vimos em 2024 na região foi mais uma unificação partidária de forças de centro-direita". Isso significa que, independentemente do resultado da próxima eleição presidencial, o centro e a direita continuarão a influenciar as regras no próximo governo.

A chamada direita, representada pelo PL, mostrou crescimento na região, conquistando as principais cidades do Alto Tietê e ratificando a liderança de Valdemar Costa Neto em seu berço político e eleitoral, em Mogi das Cruzes. O avanço da direita tem relação com a rejeição ao petismo/lulismo que a região tem apresentado. “Prefeitos ligados ao PT e à esquerda, de modo geral, não governam as cidades há alguns ciclos eleitorais. O que vimos em 2024 na região foi mais uma unificação das forças de centro-direita”, explicou Antunes.