Um banco de alimentos é um conjunto sistêmico de ações e atividades planejadas e programadas entre si, formuladas e executadas para ao mesmo tempo garantir o acesso ao alimento como garantia do Direito Humano à alimentação adequada e também reduzir perdas e desperdícios de alimentos, que em última instância significa perda de trabalho, terra, energia solar, água dispendidos para a produção do alimento desperdiçado.
Em Santo André (SP) foi criado o Programa Moeda Verde como iniciativa do Serviço Municipal de Saneamento Ambiental (Semasa) e da Prefeitura de Santo André como estratégia para potencializar o Banco de Alimentos Municipal e articular diversas ações sociais e ambientais.
O Programa Moeda Verde estabelece, por meio do Banco de Alimentos, uma troca de resíduos sólidos recicláveis recolhidos pela população por alimentos. O funcionamento do Programa Moeda Verde é muito simples: a cada 5 quilos de material reciclável encaminhado por um morador aos pontos móveis de coleta do projeto, este morador recebe 1 quilo de alimento do tipo "hortifrutigranjeiro". Como os pontos são móveis, ou seja, não há pontos fixos, as trocas ocorrem a cada 15 dias, com hora marcada, geralmente das 14h às 16h. Para maiores informações sobre o Programa Moeda Verde, foi criado um site, onde se pode conferir as datas e os horários da coleta dos recicláveis.
Os alimentos vem do Banco de Alimentos e da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e o material entregue pelos moradores é enviado para as cooperativas de reciclagem parceiras da Prefeitura de Santo André e da SEMASA.
Trata-se, portanto, de uma ideia bastante simples de articulação entre vários atores sociais, que foi iniciada em 2017, e desde então, contabilizou 232 toneladas de lixo reciclável recebidas e 46 toneladas de alimentos frescos como frutas, verduras e legumes entregues aos moradores participantes. Até o início de 2020 tinham sido organizados 14 núcleos que realizam as trocas do programa.
O Programa Moeda Verde pode ser facilmente replicado como forma de potencializar os bancos de alimentos transformando-os em programas mais articulados; e quiçá fortalecendo a ideia de "economia circular". Em Santo André, por meio do Moeda Verde, o Semasa também realizou melhorias e revitalizações em seis pontos de descarte irregular de resíduos no município, transformando-os em espaços de convivência e pequenas áreas verdes. Os espaços revitalizados ganharam novas calçadas, floreiras, vagas para carros e, muitas vezes, pintura, o que aumentou a sensação de pertencimento das famílias que vivem no entorno destes locais.
Por meio do Programa Moeda Verde também foram inauguradas duas Estações de Coleta - Utinga e Jardim Irene. Em 2019, ao concluir dois anos de funcionamento, a iniciativa contabilizou um aumento de quase 300% no volume de resíduos entregues pela população de um ano para o outro, cujos materiais foram encaminhados para a reciclagem, gerando renda às cooperativas de reciclagem de Santo André, tornando a cidade mais limpa e sustentável. Além disso, o programa também permitiu estimular a economia circular e gerar renda, já que todas as hortaliças são adquiridas dos agricultores urbanos de Santo André.