quinta 17 de outubro de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 17/10/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Dez pontos para vencer a fome

03 outubro 2024 - 05h00

Neste ano eleitoral, o tema do enfrentamento à fome ou na linguagem do governador Franco Montoro que preferia construir uma agenda positiva - batalha da alimentação - está muito presente em muitos programas de governo.
Os programas de governo, muitas vezes longos não implicam em sua completude ou em sua superioridade. Algumas vezes somente demonstram que o autor é prolixo e confuso. Por outro lado, os programas de governo muito curtos não indicam necessariamente capacidade de concisão, podendo demonstrar somente falta de ideia do autor.
Diante de tamanha diversidade de programas de governo e da presença do tema da fome, da segurança alimentar e nutricional, da alimentação em muitos desses referidos programas, decidi recuperar um texto conciso escrito por Josué de Castro (1908-1973) chamado "Dez pontos para vencer a Fome" (programa de dez pontos para vencer a fome". Rio de Janeiro, Mundo Ilustrado, 21 de março de 1953).
Josué de Castro formou-se em medicina e exerceu a profissão. Além de médico foi biólogo, geógrafo e homem de ação. Foi a partir de seu consultório que Josué de Castro observava que a fome e a desnutrição não eram tão-somente um problema físico e biológico; mas constituíam-se em problema político com implicações físicas e biológicas.
Em 1953, quando foi presidente do Comitê Executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), publicou o "Programa de dez pontos para vencer a fome", preciso, conciso, cirúrgico. Eis os Dez Pontos:
1. Combate ao latifúndio.
2. Combate à monocultura em largas extensões sem as correspondentes zonas de abastecimento dos grupos humanos nela empregados.
3. Aproveitamento racional de todas as terras cultiváveis circunvizinhas dos grandes centros urbanos para agricultura de sustentação, principalmente de substâncias perecíveis, como frutas, legumes, verduras, que não resistem a longos transportes sem os recursos técnicos de refrigeração.
4. Intensificação do cultivo de alimentos sob a forma de policultura nas pequenas propriedades.
5. Mecanização intensiva da lavoura, da qual dependem os destinos produtivos de toda nossa economia agrícola.
6. Financiamento bancário adequado e suficiente da agricultura, assim como garantia de produção pela fixação de bom preço mínimo.
7. Progressiva diminuição, até absoluta isenção de impostos, da terra destinada inteiramente ao cultivo de produtos de sustentação.
8. Amparo e fomento ao cooperativismo, que poderá servir de alavanca impulsionadora à nossa incipiente agricultura de produtos alimentares.
9. Intensificação dos estudos técnicos de bromatologia [estudo dos alimentos] e da nutrologia no sentido de que se obtenha um conhecimento mais amplo do valor real dos recursos alimentares.
10. Planejamento de uma campanha de âmbito nacional para a formação de bons hábitos alimentares, o que envolve não só o conhecimento dos princípios históricos de higiene como o amor à terra, os rudimentos de economia agrícola e doméstica e os fundamentos da luta técnica contra a erosão.
Se não forem todos os itens, pelo menos os itens de 03 a 08, além do item 10 repensado em âmbito local, são absolutamente pertinentes para Programas de Governo de candidatos de municípios de Regiões Metropolitanas. Como o debate é importante para o aprimoramento dos programas encampados pelos candidatos, ficam as referidas sugestões, antigas e completamente atuais e necessárias.