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Jornal Diário de Suzano - 14/11/2024
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Coluna

Por que a inflação pessoal é maior que a inflação oficial?

07 novembro 2024 - 05h00


Inflação é um nome pomposo para designar o aumento geral do nível de preços. Ela é calculada a partir de índices de preços. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - produz dois dos mais importantes índices de preços: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA - considerado índice oficial pelo governo federal - e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC.
O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos - DIEESE - trabalha com a ideia de Índice de Custo de Vida - ICV - para verificar o aumento ou a redução do nível de preços que incide sobre a vida das pessoas em determinado município.
Há pouco mais de um ano (agosto de 2023), o DIEESE retomou a divulgação mensal do Índice do Custo de Vida na Cidade de São Paulo, que havia sido interrompida em março de 2020 e não fora retomada por causa de uma necessária atualização da Pesquisa de Orçamento Familiar (1994/1995) que dá base para o Índice do Custo de Vida.
Os itens que compõem o ICV estão organizados em gastos com alimentação, equipamentos domésticos, transporte, vestuário, educação e leitura, saúde, recreação, despesas pessoais e despesas diversas.
Esses diversos instrumentos de verificação da variação de preços têm ponderações estatísticas diferentes.
E por que, afinal de contas, achamos que todos eles ou muitos deles indicam variações de preços menores que nossos gastos pessoais? Provavelmente por causa de nossas cestas de consumos e nossas diferentes ponderações.
Se eu´, por exemplo, gasto 60% do meu salário (R$1200) com itens de alimentação que sofreram aumentos de 50%, eu vou passar a gastar 90% do meu salário (R$1800) com esses mesmos itens.
Nesse mesmo período em que o preço dos alimentos da minha cesta de consumo variou em 50%, a inflação que mede o aumento geral do nível de preços foi de 10% porque o item alimentação tem menos peso (menor importância) que outros itens para esses indicadores. Então, de fato, a minha "inflação pessoal" foi maior que a inflação oficial.
Isso não significa que os índices de inflação estejam errados. Isso significa simplesmente que meus itens de gasto são diferentes daqueles considerados pelos índices oficiais.
Dessa observação surgem duas proposições:
" A abertura desse debate em salas de aula das escolas públicas (Ensino Médio) por meio de um exercício prático sobre os gastos individuais dos alunos e professores, pesquisa de orçamento familiar, índice de custo de vida e a construção de um índice de inflação localizado para a sala de aula. Isso daria pano pra manga. Seria possível muita conversa no campo da história, geografia, matemática, estatística, de forma integrada e interdisciplinar.
" No âmbito público, a construção desses mesmos instrumentos em nível municipal ou regional (consórcios de municípios). No caso municipal ou intermunicipal, esses instrumentos serviriam, no mínimo para a discussão sobre reposição salarial dos servidores públicos municipais e para a constituição de políticas públicas para a descompressão dos orçamentos familiares.