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Jornal Diário de Suzano - 21/12/2024
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Coluna

Reconhecimento das Profissões Fundamentais

29 abril 2021 - 05h00
Rutger Bregman, historiador holandês, discute no livro "Utopia para Realistas" o futuro do trabalho, as profissões fundamentais para gerar valor social e a necessidade de se reduzir jornada de trabalho e garantir uma renda mínima universal.
Trata-se de tema relevante frente às mudanças no mundo do trabalho, à concentração de renda no mundo e no Brasil e também frente à crise sanitária mundial.
Bregman mostra que determinados serviços como o bancário é razoavelmente dispensável, até porque parte desse trabalho é, atualmente, realizado pelos clientes do banco por meio do computador ou de terminais eletrônicos. O bancário é somente um exemplo considerando que muitas profissões serão pouco a pouco substituídas por máquinas e robôs.
Em seguida, citando o antropólogo David Graeber, Bregman apresenta e discute os "empregos inúteis", aqueles que até as pessoas que os ocupam reconhecem sua inutilidade. Para o antropólogo, "inúmeras pessoas passam a vida inteira trabalhando em empregos que consideram sem importância real, como operador de telemarketing, gerente de recursos humanos, estrategista de mídias sociais, relações-públicas e toda uma gama de cargos administrativos em hospitais, universidades e repartições". Então, Bregman, ironicamente, comentando o "peso morto" de muitas profissões que pouco valor geram e algumas das quais servem para colocar o bode na sala e tirá-lo em seguida causando a impressão de que são profissões imprescindíveis, diz: "ganhar dinheiro sem criar nada de valor não é fácil. Para começar, você precisa memorizar jargões que soam muito importantes mas que não significam grande coisa".
Finalmente, o autor apresenta as profissões essenciais e que, apesar de essenciais, são absolutamente mal remuneradas e pouco reconhecidas como o gari, catador de lixo, e o professor do ensino fundamental. Para mostrar a importância do gari, o autor apresenta um fato histórico, a greve de sete mil trabalhadores da área de saneamento básico da cidade de Nova Iorque em 2 de fevereiro de 1968. Depois de nove dias de greve, quando o lixo não coletado já acumulava 100 mil toneladas, os trabalhadores do saneamento conseguiram que a prefeitura atendesse suas reivindicações". No caso dos professores, o autor reconhece a importância de longo prazo desses profissionais ao dizer que "aquela professora está moldando estudantes na idade em que são mais maleáveis . 
Ela não apenas os prepara para o futuro como também tem participação direta em dar forma ao futuro deles no processo". Nesse aspecto da contribuição com os processos formativos, deve-se considerar o trabalho não remunerado dos avós que muitas vezes cuidam de seus netos e também influenciam a modelagem de suas ideias e o trabalho das empregadas domésticas e babas que também, ainda que não cumpram propriamente o papel de professoras, contribuem no processo de formação das crianças. Nesse momento de crise sanitária mundial, os setores não propriamente fundamentais e seus profissionais podem reduzir seus ritmos para demandarem menos dos profissionais essenciais, fundamentais, garis, professores e tantos outros. Quanto a esses últimos, é importante poupá-los e reduzir-lhes o risco de contaminação pelo COVID-19. Aos professores, que fiquem em casa. Aos garis, que sejam contratados em maior número, com garantia de seus salários cheios, benefícios, menos tempo de trabalho por dia e segurança sanitária redobrada.