É certo que não existe um tempo certo para as despedidas definitivas, elas acontecem no decorrer de nossa existência.
Quando jovem o envolvimento com outras tantas atividades torna mais leve a perda, pois, os compromissos são muitos com trabalho e família que acabamos pensando menos nessas partidas, algumas infinitamente doloridas, que vão nos acompanhar por toda nossa vida.
A companhia daqueles que amamos e enfrentam conosco essas dores também nos ajudam no fortalecimento, afinal temos que ser fortes para conseguir estender as mãos e amparar para tentar suavizar nossas dores. Foi assim em minha família quando criança vi minha avó paterna, a bisavó materna, o pai e depois o irmão mais novo e a avó materna num curto espaço de tempo. A família unida pela mesma dor buscou na união forças para prosseguir e assim mesmo tendo as lembranças sempre presentes conseguimos enfrentar, suportar e caminhar...
Com o passar dos anos as perdas vão se tornando mais constante, afinal o tempo passa para todos e os mais velhos vão caminhando para sua nova jornada em outro plano, a certeza de que a vida material findou, mas que prosseguem com conhecimento e liberdade na espiritualidade muito nos ajuda quando pensamos neles e a saudade aperta.
As perdas familiares são sempre imensamente doloridas, por mais que tenhamos entendimento, afinal deixamos de receber o bom dia festivo daquele ser tão próximo e amoroso, não mais podemos contar com seu apoio, com suas palavras de incentivo, com seu abraço apertado nos momentos de tristeza, dos ouvidos que se atentavam às nossas palavras sempre que tínhamos necessidade de um desabafo... A saudade nesses casos será presente em nossa vida todos os dias, às vezes lembrando bons momentos, outras uma viagem, uma conversa, uma atitude e noutras a falta que fazem. Muitas vezes nos agarramos as lembranças das palavras positivas e de incentivo para continuar nossa existência, como se ali ainda estivessem nos acompanhando e apoiando. Com certeza do outro plano ali estão sempre, nós é que despreparados e muitas vezes incrédulos não os vemos e sentimos...
Ao nos tornarmos adultos temos o péssimo hábito de postergar oportunidades de encontros que poderiam trazer felicidade, alegamos compromissos, canseira, o tempo quente ou frio, a dor que incomoda e com isso vamos nos afastando de pessoas, sejam familiares ou amigos. Atualmente com as redes sociais nos satisfazemos em nos falar virtualmente e nos contentamos em ver as imagens que nos são enviadas de algum momento interessante, de um passeio ou do cotidiano, então a preguiça toma conta do nosso ser e nos ausentamos fisicamente daqueles que queremos bem com outras inúmeras desculpas que por vezes nem mesmo nós acreditamos nelas. Subitamente, mas de maneira natural os fatos continuam acontecendo, a vida vai prosseguindo seus caminhos até que alguém deixa essa existência por perda da saúde, pela idade ou fatalidade, aí nos damos conta que prometemos inúmeras vezes nos ver e fomos adiando as oportunidades, acreditando que ainda teríamos tempo de sobra para um encontro, esquecendo que quando chegamos aqui a passagem de volta trazemos conosco, a data não sabemos, mas ela já está marcada e vai acontecer no tempo certo... Então vamos parar de deixar para depois as oportunidades de abraçar, conversar e estar mais presentes na vida de quem amamos para que a saudade seja menos dolorida...