Em tempos que já se foram essa era uma época de recebermos o carteiro com muita frequência, assim como enviávamos, recebíamos também muitos cartões de Natal.
Era uma maneira singela de mostrar aos familiares que havíamos nos lembrado de cada um deles e estávamos desejando um Natal feliz e um novo ano próspero.
Assim como durante o ano enviávamos cartas para aqueles que moravam mais distantes e que não podíamos ver com frequência, era uma maneira de saber como estavam e nos manter próximos, mesmo que fosse por meio de folhas de papel que transmitiam nossos sentimentos de saudades e de amor. O capricho na letra era primordial para que conseguissem ler e compreendessem tudo que ali descrevíamos, as novidades referentes à família, a mudança de emprego, o noivado de um parente, o casamento de outro, as preocupações e as alegrias, tudo era transportado para o papel que envolvido pelo envelope devidamente endereçado ia levar as notícias lá para longe. Também não chegava rápido como em tempos atuais, levava uns poucos dias e logo recebíamos a resposta aguardada ansiosamente, afinal era importante também sabermos tudo que acontecia por lá...
As comemorações de aniversário também exigiam o envio de cartões, que na ausência de presente e da presença, falavam do carinho e da lembrança da data tão importante, ensejando votos de saúde e felicidades.
Era comum a família manter guardadas as cartas recebidas, assim como os cartões natalinos, de Páscoa e de aniversário, talvez para reler e sentirem-se mais próximos daqueles familiares queridos que se encontrassem mais distantes. Os enamorados trocavam correspondência diária, as juras de amor e a saudade era o assunto mais importante e repetido inúmeras vezes, mesmo que morassem na mesma cidade essa troca de cartas que lidas eram guardadas amarradas com laços de fitas em gavetas onde eram buscadas para saciar a vontade de ouvir (que nem sempre era possível) e reler as palavras de carinho e de amor para sempre saciar essa vontade de estar sempre próximos.
Quando se fazia mais urgente, lá íamos nós até o correio enviar um telegrama, fosse por motivo de doença, de falecimento ou até para cumprimentar pelo novo cargo ocupado...
As comunicações na empresa também eram escritas formalmente e não podíamos sair dos padrões para não sermos repreendidos.
Hoje a facilidade de se comunicar por meio de redes sociais e páginas de conversas nos mantém presentes na vida das pessoas, sejam amigos, familiares ou amores. Basta teclar o que pensamos ou simplesmente enviar pequenas imagens que quem as recebe certamente vai entender e dentro do possível responderá, não há mais distância, a tecnologia transmite imediatamente nossos pensamentos e desejos até para quem está do outro lado do planeta. A saudade agora é amenizada com conversas por vídeo onde além de nos falar, nos vemos e podemos mostrar as alterações em nosso visual, na casa ou no local onde estamos, é quase como se estivéssemos próximos, só faltando mesmo o toque para completar a comunicação... Talvez em breve consigam isso também, então a saudade será uma palavra dedicada somente para aqueles que partiram e nunca mais voltarão. Hábitos antigos vão sendo esquecidos e quando encontramos em nossa caixa de correio alguma correspondência ou cartão de um familiar que ainda se comunica assim, sentimos um calor invadir nosso ser, pois, é a certeza de que lembrou e tem carinho por nós...