Com o propósito do governo de aquecer a tão enfraquecida economia, 96 milhões de trabalhadores serão beneficiados com a liberação de parte do FGTS.
Hoje 80% das contas existentes têm saldo de até 500 reais; valor que será disponibilizado ao trabalhador, por conta, a partir de setembro.
Para muitos, essa quantia parece pouca, mas ela é muito significante, quando vimos que no balanço da inadimplência e atrasos dos pagamentos de dívidas do SCPC Brasil, 37,34% dessas dívidas são menores que quinhentos reais.
Se consideramos ainda que esse montante é uma referência importante -metade do salário mínimo- ela pode sim ajudar a muita gente sair do sufoco. Quando a pessoa se livra das dívidas ela volta a consumir e isso aquece a economia.
É bem difícil prever o que as famílias pretendem fazer com o dinheiro a mais na conta: pagar dívidas, consumir mais, fazer uma reserva de emergências ou investir. Diria que todas alternativas estão corretas, se forem aplicadas de acordo com cada necessidade do momento.
O importante é o trabalhador aproveitar para dar um passo a mais na organização de suas finanças pessoais, com o dinheiro de seu próprio benefício:
1) Consumo: antes de sair comprando por impulso ou adquirindo bens e serviços porque o dinheiro chegou fácil na conta, lembrar que podem existir outras prioridades para essa grana. Fazer uma lista da real necessidade e ficar fiel a ela, ajuda certamente a ter a vida financeira mais saudável.
2) Dívida: priorizar o pagamento das dívidas ou contas atrasadas, nem que seja parte delas, é um ótimo negócio. Com dinheiro vivo nas mãos, se consegue boas negociações e considerável diminuição dos juros. Isto deve ser a prioridade número um da lista. Com as contas em dia, pode-se voltar ao consumo, desde que seja para lá de consciente. O ideal é gastar no máximo 55% do valor dos ganhos mensais com as contas fixas; o que incluem pagamento de dívidas como carnês, prestações e financiamentos). Assim, irá sobrar dinheiro para educação, lazer, investimentos, manutenção e realização dos sonhos.
3) Reserva de Emergência: para quem está com as contas em ordem, é hora de usar esse dinheiro para iniciar ou aumentar uma boa reserva de emergências (o ideal é ter de 4 a 6 vezes o valor total das contas fixas do mês). Assim, quando houver qualquer intempérie na vida, não será necessário fazer novas dívidas, como, por exemplo estourar o limite do cheque especial, não pagar o total da fatura do cartão de crédito, atrasar contas, entre outras.
4) Investimento: e, finalmente para aqueles que estão com a vida financeira controlada, vivendo dentro do orçamento doméstico com qualidade de vida e investindo no futuro; esse dinheiro deve fazer parte da garantia do futuro financeiro, com a vantagem de que como o FGTS só rende 3% ao ano -abaixo do rendimento da poupança-, poderá ser aplicado de forma mais rentável e justa. Se investir esse dinheiro, por exemplo, no Tesouro direto, o ganho será bem maior. Em se tratando de longo prazo, uma boa opção é aplicar no Tesouro IPCA+, pois além de uma porcentagem de ganho real ao ano, tem-se também o rendimento da taxa de inflação.
Sim, o valor de quinhentos reais pode ser pouco, mas quem optar por gastar esse dinheiro sem nenhum controle, perde mais ainda. Com certeza, o trabalhador tem aí uma grande oportunidade de fazer esse dinheiro trabalhar mais a seu favor, fugindo dos míseros 3% ao ano de rendimento, pagos pelo governo. Ter responsabilidade e inteligência financeira na hora de usar e ou aplicar essa quantia dará ao trabalhador um ganho real e merecido.