De acordo com o dicionário, colher é um verbo transitivo direto ou bitransitivo que pode ser usado para significar o ato de retirar da terra aquilo que foi plantado ou evidenciar uma atitude em retribuição ou resposta. Para esta nossa conversa, escolhi usar a segunda opção. Uma simples e clara analogia que exemplifica bem a relação de escolhas e consequências. Todos os dias, em todos os momentos das nossas vidas, nós precisamos fazer escolhas. Ao acordar, por exemplo, escolhemos se vamos levantar na hora em que o despertador toca e assim termos tempo para tomar café e sair de casa tranquilamente ou se, ao optar pela função soneca, faremos tudo isso correndo e ainda flertando com o risco de chegarmos atrasados. Resultados diferentes em uma mesma rotina que são definidos por uma escolha.
Esse é só um caso. Existem muitas outras escolhas que precisamos fazer e nem sempre elas são tão nítidas. Tem sempre aquelas que parecem fáceis, mas depois complicam demais.
Porém, existem escolhas que não são tão complicadas assim. Na verdade, elas deveriam ser muito simples. Um outro exemplo disso é quando presenciamos alguém muito mais forte fisicamente e que se aproveita disso para humilhar, intimidar ou provocar uma pessoa com um físico mais frágil. Ninguém, com um mínimo de bom senso, ficaria do lado do “fortão” enquanto ele agride o mais fraco. É o mesmo pensamento lógico que baseia desenhos como He-man e Thundercats ou filmes e revistas em quadrinhos de super-heróis. Não dá para torcer ou ficar do lado de quem pratica ou defende o “mau”. Se isso fica tão nítido na ficção, por que é tão complicado para algumas pessoas seguir esse mesmo raciocínio na vida real? E se você acha difícil de acreditar que existam pessoas que sejam favoráveis à maldade, basta conferir as discussões que acontecem em algumas redes sociais quando o assunto é a invasão russa na Ucrânia. O país do autocrata Vladimir Putin é muito maior, mais forte e militarmente mais preparado que o vizinho ucraniano. Sem nenhuma provocação ou perigo, o exército russo começou a bombardear cidades na região da fronteira e invadir o país com mais e mais tropas e armamentos. Nesse caso não tem discussão. A Rússia é a agressora e ponto!
Só que, infelizmente, o bom senso, a razoabilidade e os critérios morais estão sendo deixados de lado hoje em dia. Com isso, o Brasil que sempre foi reconhecido internacionalmente pela capacidade diplomática como um agente agregador, hoje é visto com desconfiança. Para não assumir que é favorável ao autocrata russo e todas as barbáries por ele cometidas, Bolsonaro falou que o Brasil ia ficar “neutro” nesse conflito. Essa seria uma postura correta se o mundo todo não soubesse quem começou o conflito. Se o mundo todo não soubesse que a narrativa russa é baseada em fake news criadas pelo Kremlin. Só que o mundo sabe. Mesmo assim, Bolsonaro insiste em não condenar a atitude russa. Assim como insistiu em dizer que não ia comprar vacina, que as vacinas não funcionavam, que as vacinas causavam AIDS, que não era do Centrão e - gastando R$ 900 mil reais de cartão corporativo nas férias - que a “mamata acabou”. Por isso que me pergunto: O que será que o brasileiro plantou para ser obrigado a colher isso como presidente?