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Jornal Diário de Suzano - 20/11/2024
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Coluna

Política não é futebol

17 março 2022 - 05h00

De quatro em quatro anos o brasileiro vive um compromisso ambíguo. Uma relação de amor e ódio com um grupo selecionado para representar o país e, consequentemente, com o responsável por escolher esse grupo. Sim, estou falando da Copa do Mundo de futebol e nós estamos no ano dela. Por ser a primeira Copa do Mundo a ser realizada no Oriente Médio, os jogos só vão começar em novembro e não em junho. Isso por conta do calor extremo que faz por lá no meio do ano. Mas, mesmo faltando um bom tempo ainda para o chute inicial, já é possível imaginar que logo, logo teremos ruas, calçadas e casas pintadas e decoradas com as cores da seleção. Lembro quando fiz algo parecido na Copa de 94. Criei todo um “ritual pré-jogo” que envolvia desenhar, pintar e colar a bandeira do Brasil em locais de casa. Depois eu dava duas voltas ao redor de casa tocando trombeta e gritando Brasil e para terminar pintava o rosto. Do lado direito eu fazia um risco verde e um amarelo e do lado esquerdo um risco azul e outro branco. Aí era só sentar no sofá e torcer.
Só que ano de Copa do Mundo também é ano de eleição. Por coincidência ou não (eu acho que não), é no mesmo ano em que o brasileiro tem uma das maiores distrações da vida que ele precisa raciocinar e escolher os próximos deputados estaduais e federais, senadores, governador e presidente. E é aí que o brasileiro mistura tudo e confunde política com futebol. Vamos deixar isso claro de uma vez por todas: POLÍTICA NÃO É FUTEBOL!!!!
Você não é torcedor do candidato A ou do candidato B. Você precisa escolher, com bom senso, informações corretas e comparação justa qual candidato você acredita ser o mais qualificado para ocupar o cargo político ao qual ele se propôs. O problema é que as pessoas escolhem alguém e passam a torcer para ele ou para ela como torcem para o time de futebol. Isso faz com que a população leve para a política uma característica do esporte que - para o debate de ideias - é extremamente infértil e perigosa: a paixão. É esse sentimento que cega o torcedor de qualquer time e que o não faz enxergar, por exemplo, que o time dele está sendo mal administrado e que a longo prazo, mesmo que esteja vencendo hoje, corre um sério risco de ter uma crise financeira e ir para na série B do Brasileirão, por exemplo.
O Brasil já tem sofrido demais por conta desse comportamento da maioria. Nós não devemos agir como torcedores de políticos, nós temos que adotar a conduta de contratantes de políticos. Até porque nós somos, sim, os empregadores deles. Agora, será que o dono ou o responsável pelo RH de uma empresa decide contratar um funcionário porque, por alguma razão, “torce” para ele?
Será que essa empresa teria alguma chance contra uma outra que contrata funcionários com base na análise de pontos estratégicos como formação, experiência e talento?
A paixão nos motiva, mas não pode nos cegar. Por mais que você tenha paixão pela seleção de futebol, você precisa ser capaz de enxergar quando os jogadores e o técnico estão fazendo um péssimo trabalho. Assim como precisamos reconhecer os péssimos políticos que escolhemos.