quarta 01 de janeiro de 2025Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 31/12/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Faz uns bons anos

07 dezembro 2024 - 05h00

Ela completa lindamente a maior parte da minha vida. Sei bem que me aproximo dos oitenta anos de vida, o que vejo como uma glória, a que agradeço diariamente. Mas sei igualmente que pude alcançar momentos tão especiais, encantadores, envolventes, felizes, que me orgulho de com ela os ter vivido. Ela me acompanhou por tanto desses momentos, uns mais longos, uns mais breves, mas sempre entusiasmantes. Vivemos, com toda certeza, ao longo de tanto tempo, momentos com suas marcas tristes, mas soubemos superá-los com a força que agregamos juntos.
No dia em que a conheci era para nós dois “segurarmos as velas”, num encontro de amigos que iniciavam um namoro. Era assim que dizíamos das companhias. Era o dia 4 de outubro de 1969, em São Paulo. Para um primeiro encontro foi bem envolvente. Era uma meninota, mas se mostrava bem formada. Ainda ia fazer seu vestibular. Eu já cursava Direito na antiga Universidade Católica, e dirigia o Centro Acadêmico 22 de Agosto, cheio de ocupações. Fiquei bem interessado. Mas, dias depois sofri um acidente muito grave, fiquei hospitalizado por muitos meses. Ela me acompanhou o quanto pode. Mas minha família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuei o tratamento. E nos separamos.
Uns tempos depois, em 1971, aquele casal de amigos que iniciou o namoro decidiu se casar. E nos reencontramos em São Paulo, num dia 4 de janeiro. E decidimos nos reaproximarmos. Por que não?
Ela já tinha ingressado na USP, no Curso de História. Eu continuava meus estudos na Universidade do Estado da Guanabara. Lentamente fomos nos revendo e nos juntando sempre que podia vir a São Paulo.
Até que no dia 4 de julho daquele ano decidimos que devíamos ficar unidos. O mundo andava meio virado. Coisas complicadas em volta da gente. E a melhor sugestão era sairmos do País. Aquele casal de amigos do primeiro encontro decidiu ir para a França. Por que não seguirmos juntos?
As nossas famílias nos apoiavam. Por que não nos casarmos? Mais uma alegria. Marcamos a data. Outra coincidência, ficou para o dia 4 de dezembro, no Cartório em Suzano. 
No final do mês partimos para a Europa, no navio Eugênio C. Chegamos a Lisboa, curtimos e seguimos adiante em direção a Paris. E foi ali que nos estabelecemos pelos seguintes cinco anos. Nos matriculamos na Universidade, ela no curso de História, onde concluiu seu Mestrado. E eu segui em Literatura na graduação, e depois Linguística, no Mestrado e Doutorado. Vivíamos muito bem. Foi lá que nasceu nosso filho, Rodrigo. Cinco anos após ela quis retornar ao Brasil. Refletimos e decidimos que veríamos como nos sentiríamos. Por aqui uma filha logo nos viria, a Juliana, e acabamos nos instalando e ficamos. Era a nossa terra. E foi em Suzano, de onde não mais partiríamos.
Fui muito bem recebido aqui. Atendi a tudo a que fui demandado. É nosso cantinho para sempre. Iniciei meus estudos sobre a Cidade. Até que tinha um livro pronto estabelecendo toda a base da História Local. Levou um tempinho até ser publicado, agora já faz 30 anos. Fui lançando meus livros de estudos acadêmicos e de Poesia, onde a base permaneceu sendo a minha mulher. 
Cristiane e eu completamos agora nossos 53 anos de casados. Juntos e felizes na nossa luta. Só temos a agradecer e comemorar.