A festa do Carnaval se faz entre datas religiosas. Sei bem disso. Mas sei também que nem todos se dão conta disso, ou se recusam a assumir. Este ano tudo foi mais demorado e entramos no mês de março.
Por coincidência, tivemos a premiação do Oscar, e, pela primeira vez, uma obra brasileira acabou sendo reconhecida como o “Melhor Filme Internacional”. Sei que o filme “Orfeu Negro” foi premiado há umas décadas. Seguindo uma obra de Vinicius de Moraes, com músicas de Tom Jobim, era um trabalho especial, bem diferenciado, tendo sido bem questionado. Mas, como a produtora era francesa o Oscar foi para o outro País. Agora não! O filme “Ainda Estou Aqui” trata de um tema bem nosso, de tempos difíceis. Aliás, acabou sofrendo muitas críticas ideológicas pelas redes sociais. Vivemos tempos complicados hoje e isso ainda vai continuar. Mas o filme, em termos de cinematografia é um trabalho tecnicamente excelente. As interpretações são exemplares, em especial a da Fernanda Torres, com delicadas expressões faciais, e mesmo as reduzidas cenas da Fernanda Montenegro. Coisa fantástica. Como fazia muito tempo não assistia a premiação do Oscar, dessa vez assisti. Um orgulho da qualidade do trabalho dos brasileiros, merecedores do reconhecimento.
E, sem deixar de me referir, acabei sabendo que o ator Harrison Ford não compareceu porque foi contaminado com o herpes-zóster, o vírus da catapora, a que estão mais sujeitos os idosos em especial, coisa que dá umas fortes dores e provoca até ferimentos por erupções na pele. Sei bem disso, também fui atacado por esse mal faz pouco e ainda padeço, mesmo sabendo que está na fase final. Já li que se pega por contágio, mas também por guardarmos o vírus em nós por anos. Não lembro de catapora, mas posso ter tido quando criança.
Porém, voltando ao tema do Carnaval, pudemos ver o país inteiro exibindo sua gente nos blocos, dançando e cantando. Nossa gente feliz. Torcendo também para recebermos o nosso Oscar, em especial um para a Fernanda Torres. O fato é que essa Festa se estende por todo o nosso território, se desse seria em todas as cidades. Com as fantasias saímos da realidade, nem sempre a mais confortável e agradável. O fato é que enfrentamos o mundo real com força e poder, com muita energia.
Quando criança me lembro que gostava muito de vestir fantasias, era uma mudança de mundo. Mas adulto já não era mais o meu grande desejo. Conversando com uma amiga sobre Carnaval ela me dizia que lhe era um momento de grande riqueza, grande liberdade, soltando toda a energia pessoal junto com outros. Dançar e cantar é algo para ela extremamente libertador, por isso não pode ter limites, limitações. Ela se sentia muito mais poderosa frente ao universo. Coisa que vejo como não se podendo reduzir.
E vamos ser sinceros, o nosso Carnaval é uma fortíssima expressão cultural. Estudiosos descobrem pontos muito reservados, que revelam comportamentos, posturas, hábitos, que muitos nem se dão conta de serem partes de seu comportamento pessoal, social, nacional. Volta no ano que vem. Carnaval é coisa nossa.