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Jornal Diário de Suzano - 03/07/2024
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Coluna

Os Enamorados

15 junho 2024 - 05h00

Certa vez, tentando escrever uma Biografia, fui constatando umas coincidências na vida. Coincidências são coisas complicadas. Não sei exatamente como explicar tais constantes. Seriam elas determinadas por nosso Ser Superior, o que é sempre mais fácil de reconhecer, ou seriam apenas repetições circunstanciais? Mas, deixa pra lá, tentemos expor, mesmo vindo como ficção numa crônica.
O fato é que um amigo querido, que também cursava Direito, como eu, mas em outra Faculdade, me pediu para acompanhá-lo num encontro com uma garota que ele queria como sua namorada. Não lembro mais se foi num fim de semana ou no meio. Teria de ver num daqueles calendários que permitem essas identificações. A namorada dele apareceu com outra garota, uma prima dela. Como chamávamos na época, ficamos “segurando vela” para o casal. Tudo foi bem, o casal firmou o namoro e eu e a outra menina nos demos bastante bem. Foi uma noite legal. Conheci essa mocinha bem legal, no dia 4 de Outubro de 1969. Verdade, faz um bom tempinho. Quase quinze di as após sofri um acidente muito grave, com traumatismo craniano, coma e aí vai. Fui hospitalizado por uns dois meses, e aquela menina me acompanhou bastante. Mas meus pais já estavam se preparando para mudar-se para o Rio de Janeiro. E precisei ir com eles, o tratamento ainda continuava. Deixamos de nos ver.
Então, lembra daquele casal que acompanhamos? Pois é, no dia 4 de Janeiro de 1971, fizeram uma reunião, de noivado, creio. E fui, aquela menina estava lá. tivemos um belo reencontro. Eu estudava e trabalhava no Rio. Mas combinamos de nos rever sempre que possível, ao menos a cada quinze dias. Foi o que fizemos, eu vinha a São Paulo. Fomos nos firmando. Ah, o casal de amigos se casou.
Pois no dia 4 de Julho seguinte entendemos que precisávamos ficar juntos. Um noivado? Talvez. Compramos numa lojinha umas alianças, eram de aço, o que nos reforçava. Pensando nela, lá no Rio, fiz este Poema:
“Aliança de Aço”
“Porque te encontrei numa estrela/ não pedirei mais luz/ nem mais calor/ surgiste em luar na escuridão/ de toda a minha cegueira/ refletindo mais longe/ tornando dias as noites/ porque era só/ triste perdido de alento/ fui feito amor e te amei/ do querer mais adulto/ do entregar mais maduro/ do amar mais puro/ porque me vi de esperança/ te vi sempre comigo/ sempre como agora/ com outros olhos outras mãos/ foi sentindo-me vivo homem/ ser além do nome/ te fiz mulher de amor/ chegando onde chegamos/ juntos”
Como nos juntarmos? Era coisa difícil. Não havia tanto emprego assim. Mudar de cidade era complicômetro. Aí aquela amiga teve a informação de que a França estava recebendo gente de fora para suas universidades. Queriam ir. Nos convidaram. Conversamos com as nossas famílias. Por que não nos casamos? Seria bom. Casamos, Cris e eu, em Suzano, no dia 4 de Dezembro de 1971.
Moramos na Europa por vários anos, nasceu lá nosso primeiro fruto. Outra veio por aqui, onde ficamos. Um tanto mais de cinquenta anos. Com nossas coincidências.