Sei bem que não sou da geração de selfies, nem mesmo hoje. É coisa meio complicada pra minha turma. Por isso não tenho registros de tanto que fui feliz com encontros pela vida.
Lembrando de gente desde de lá na juventude, tive a felicidade de ter alguém como o Poeta Mario Quintana como Mestre no meu ingresso na Poesia moderna. Não conseguia sair da métrica, até que ele foi me dando dicas para avançar. Mas nunca tiramos uma foto. Lembro bem de tudo, dele e das suas palavras. Está tudo guardado em mim.
Anos depois, na França, na rua, encontrei com outro Mestre, Jean Paul Sartre, que me deu base em muita da Filosofia que segui ao entrar na Universidade. Conversamos, na rua, ele me aceitou, sem nenhum problema. Nunca vou esquecer, sei bem.
Morando no Rio de Janeiro, fui umas tantas vezes no Beco das Garrafas, onde se ouvia música brasileira arrojada de então, Bossa Nova e coisa por aí. Conversávamos com eles sem qualquer problema, as vezes apareciam grandes Mestres, que se abriam também a conversas. Fazem parte hoje da minha história pessoal. Não lembro de nenhuma foto. Nem pensávamos nisso naquela época.
Quando era estudante, no final dos anos de 1960, muitas vezes ia na Faculdade de Filosofia da USP, que ainda era na rua Maria Antonia. Ali, muita gente ia para bater papo, tinha uns bons bares. Lembro que de vez em quando encontrávamos com o Chico Buarque, que estudava Arquitetura na USP, e por varias vezes trocávamos ideias, com ele e com o conjunto MPB4, tantas vezes junto,
Alias, certa vez, ali perto tinha um teatro importante, e fui pedir apoio para o movimento estudantil, nem lembro mais se era 1968 ou 1969. Quem se apresentava era a Fernanda Montenegro. Era uma peça especial onde ela representava uma mulher rica e poderosa. Não assisti toda a peça, ainda que eles tenham permitido.
Conversei com o marido dela, o Fernando Torres, No intervalo ele nos chamou e manifestou apoio. Eta tempos passados.
Alias, a gente de teatro sempre nos apoiava. Tínhamos muitos teatros sempre abertos aos estudantes. Assistia a todas as peças dessa época, tempos depois, na Europa, muitos daqueles lá estavam e tivemos reencontros, claro. Cursei alguns estudos com eles também. Não segui a linha de ator, claro, o acidente que sofri afetou bem o meu rosto. Mas a área de texto e direção também sempre me interessou.
Alguns amigos na Europa pude reencontrar no Brasil tempos depois. Foi o caso do depois Ministro da Cultura, Celso Furtado, que demonstrou por seus estudos como deveríamos estabelecer as condições para esse Ministério. Ele era amigo do pai de um companheiro de infância e já sabia boas coisas dele, desde a 2a Guerra. Ele falava um francês impecável, mas com um sotaque nordestino bem forte. Pudemos nos ver também no Rio de Janeiro. Alias, ali também encontrei um outro parceiro da Europa que me recebeu no seu gabinete, que ficava perto da Cinelândia, o querido estudioso Darcy Ribeiro.
Com tanto disso, como não caminhar pelos estudos da Antropologia, que fui também aproximando da Linguística, do estudo da linguagem das palavras, e chegando na Semiótica das Culturas, com todas as mais formas de expressão.
Fui guardando tudo no meu coração. Tanto em mim. Agradeço.