Suzano é mesmo a nossa Cidade, de todos nós que aqui vivemos, como daqueles que sentem esse pertencimento, mesmo estando fora. Esse é um sentimento que nos chega e não se vai. Lembrando! Minha luta pela valorização da História Local de Suzano, nesses quase cinquenta anos em que por isso me bato, vem deste os meus tempos de Professor do secundário. Iniciei o magistério sendo professor universitário na Sorbonne. Quando cheguei de volta ao Brasil, depois de um tempo fui me iniciar também no ensino secundário. E tive de aprender muito. Fiz vários cursos nessa preparação. E logo entendi que a criança se identifica, depois de bem pequena, junto a Família, sentindo-se próxima, ligada aos pais, aos irmãozinhos, depois aos priminhos, aos vizinhos, mais adiante aos coleguinhas de escola e vai se ligando a mais gente, mesmo fora da escola. A í a criança vai sabendo aonde pertence. Identifica a sua Cidade, local onde vive. Por isso a criança precisa aprender a história da sua família, da sua casa, da sua Cidade. Esse sistema progredindo reduzimos os vândalos consequentemente.
Sei da minha luta escrevendo a História de Suzano, desde os anos de 1980 e 1990. Sabia que a Cidade precisava desse estudo, então ela não dispunha de nada. Então, fui iniciando esses estudos e sua redação. Tomando os dados de documentos, de conversas com indivíduos, com famílias, com entidades. Não era mesmo fácil, claro. Mas senti que recebia apoio de muitos. Gente com mais formação pedia o livro com sua história. Comecei a redigir e acabei seguindo a proposta de Manuel Bandeira que redigiu um livro sobre a Cidade de Ouro Preto. Era um texto com reconhecimento de interesse pessoal, emocional sobre o local. Pensei, por que não fazer o mesmo? E fui registrando a minha união com a Cidade. Sendo filho de Oficial do Exército nasci no Rio Grande do Sul, onde fiquei até a Pré-Escola, depois fui para a Bahia, Minas, Rio, São Paulo etc. não tinha a minha cidade. Tinha passado por Suzano em fins de 1957, quando meu pai sabia que seria transferido para o estado de São Paulo. Ele pensava num sítio. Suzano era miudinho. Atrás da Igreja central, havia um ponto de taxi, que tinha charretes. Andamos em volta do Centro numa delas. Quando me casei aqui, com a amada Cristiane, em 1971 dava para perceber que a cidadezinha tinha crescido bastante mesmo. Ainda nesse ano saímos do Brasil e passamos uns cinco anos lá fora. Na nossa volta, em 1977, já com um filho, fui convidado pelo Prefeito Estevam Galvão para um trabalho junto a Prefeitura. Fui me encantando por Suzano. Deu para fazer algo de bom por uns seis meses, mas um segundo filhote aparecia e precisava de um salário com mais alcance. Então fui lecionar. Fazia umas tantas falas sobre o tema da história local, mas quando pensava na publicação de um livro, percebia que a coisa se tornava bem mais complicada. Foi aí que recebi apoio do Carlos Spada, que mantinha um jornal. Decidimos correr atras de patrocínio e conseguimos apoio de gente que ia comprando exemplares. Em abril de 1994 lançamos o livro “Suzano Estrada Real – Roteiro Emocionado da Minha Cidade”. Sucesso imenso. Foram mais de quatrocentos exemplares autografados no lançamento. A Cidade precisava do livro. Precisa mais, estamos tratando de uma segunda edição. Por que todas as escolas não ensinam a História da nossa Cidade? Se se tornar uma obrigação, teremos, com certeza, mais gente amando e respeitando Suzano. Podemos tentar!