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Jornal Diário de Suzano - 29/09/2024
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Coluna

Mesmo sem entender!

07 setembro 2024 - 05h00

Quando estamos em uma situação muito difícil é que constatamos quem são as pessoas que verdadeiramente nos amam e se importam conosco. Na hora do sofrimento não adianta colocar uma carga ainda mais pesada sobre quem já está sofrendo. Foi o que fizeram os "amigos de Jó". "Jó deveria ter feito muita coisa errada para estar passando por tanto sofrimento". Assim pensavam eles! Os parentes e amigos de Jó se afastaram dele. A mulher de Jó não tolerava o mau cheiro que saia de sua boca; os irmãos tinham nojo dele; as crianças o desprezavam; os amigos mais íntimos o detestavam; as pessoas que ele mais estimava estavam contra ele. Jó tinha virado pele e osso. (Jó 19:14-21) Sofrendo, questionando, Jó tem uma certeza: - "Pois eu sei que o meu defensor vive; no fim, ele virá me defender aqui na terra. Mesmo que a minha pele seja toda comida pela doença, ainda neste corpo eu verei a Deus. Eu o verei com os meus olhos; os meus olhos o verão, e Ele não é um estranho para mim. E desejo tanto que isso aconteça!" (Jó 19:25-27) Em um tempo em que não se falava em ressurreição, Jó faz essa surpreendente declaração de fé. Ele sabe que verá a Deus, depois da vida terrena, com um corpo glorificado. Ele verá o seu Salvador com os próprios olhos. 
Criticamos muitas vezes aqueles que questionam a Deus diante de um sofrimento. Mas não deveríamos fazer isso. Jó em seu sofrimento oscilou entre a fé e os questionamentos. O "amigo", Elifaz, pensa que Jó questiona porque não tem fé. O questionamento pode ser a busca de um consolo, de uma explicação, para o que estamos vivendo. Pode ser também o desejo de ter uma fé mais viva. Pensamos que pessoas de fé não fazem perguntas, não questionam. Mas isso não é verdade! Abraão fez perguntas a Deus; Moisés, Davi, Ezequias, Maria, Pedro, Paulo, todos esses fizeram perguntas. Nós também podemos perguntar. Deus conhece o nosso coração e, no tempo certo, Ele nos dará a resposta de alguma forma como aconteceu com Pedro, quando Jesus estava lavando os pés dos discípulos. "Quando chegou perto de Simão Pedro, este lhe perguntou: - Vai lavar os meus pés, Senhor? Jesus respondeu: - Agora você não entende o que estou fazendo; porém, mais tarde, vai entender". (João 13:4-7) Quantas vezes nós não entendemos o que nos acontece! O próprio Jó conseguiu compreender o seu processo de sofrimento muito tempo depois. "Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos". (Jó 42:5) Jó queria compreender o seu sofrimento a partir de si mesmo, pressionado pela dor e pelas acusações de seus "amigos". Agora, ele reconhece que nada sabia sobre Deus em termos de experiências com Ele. 
Mesmo com todas as nossas dificuldades e limitações para compreendermos os processos difíceis pelos quais passamos na vida, precisamos manter viva a nossa fé. O profeta Habacuque em uma fase de sofrimento, dor e escassez, diz: - "Ainda que as figueiras não produzam frutas, e as parreiras não deem uvas; ainda que não haja azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda que não haja mais ovelhas nos campos nem gado nos currais, mesmo assim eu darei graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador". (Habacuque 3:17-18) Perplexo diante do que estava acontecendo e do que poderia acontecer com o seu povo, Habacuque escolheu viver com esperança, fé, gratidão e alegria. Muitas vezes nós ollhamos para o quadro caótico diante de nós e ficamos contaminados pela desesperança. No Israel antigo, os produtos mencionados por Habacuque eram fonte de segurança, essenciais à sobrevivência do povo. Situação terrível seria a perda de tudo isso, e pior - a perda da liberdade, de seu chão, de sua terra, de sua casa, de sua família, de sua cultura, a perda da própria vida! É comum em tempos de adversidade, quando o sofrimento nos alcança, perguntarmos: "Por quê?"; "Até quando, Senhor?". Deus não se importa que perguntemos, desde que estejamos dispostos a ouvir a resposta dele. Podemos abrir o nosso coração para o Senhor e falar. Mas, sobretudo, desejemos ouvir o que Ele tem a nos dizer.