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Mogi das Cruzes

Secretaria quer rezadeiras do Divino no livro de bens culturais de natureza imaterial

Trabalho de pesquisa para embasar o pedido foi realizado em parceria com a pesquisadora e professora doutora Luci Bonini, da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC)

11 setembro 2017 - 20h07Por de Mogi

A Secretaria Municipal de Cultura está enviando ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Paisagístico de Mogi das Cruzes (Comphap) um ofício, por meio do qual solicita que as rezadeiras do Divino sejam inseridas no livro de registro de bens culturais de natureza imaterial, conforme decreto 7.970/2007. O objetivo da medida é preservar e reconhecer o valor histórico do grupo, cuja atuação já faz parte da identidade e memória cultural da cidade.

O trabalho de pesquisa para embasar o pedido foi realizado em parceria com a pesquisadora e professora doutora Luci Bonini, da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). No documento, são listadas as origens do grupo e também os primórdios da devoção ao Divino Espírito Santo em Mogi das Cruzes, o que já demonstra e justifica a importância histórica e cultural do movimento.

O documento fala sobre o impacto da festa, que é uma das maiores e mais antigas do Brasil, na estrutura econômica e turística da cidade. Também detalha a atuação das rezadeiras na cidade, que em geral começam os trabalhos pelo mês de janeiro, com a Missa do Envio e a peregrinação pelas casas de fieis. São mais de 50 rezadeiras e rezadores principais e mais de 200 auxiliares, todos portando objetos de devoção, como a imagem e medalha do Divino Espírito Santo, as bandeiras, toalhas, caixa dos pedidos, cofre das esmolas e cálices.

O documento também mostra um pouco do perfil dessas rezadeiras. Em Mogi, como descrito, são predominantemente mulheres, muito embora o grupo também conte com a participação de alguns homens. Os propósitos das rezas da Coroa do Divino na casa dos fieis são muitos: preparar os devotos para a celebração maior; fortalecer a fé e proporcionar alívio e esperança aos que necessitam, a exemplo.

A irmandade que deu a origem às rezadeiras do Divino, como relatado em ofício, foi algo construído lentamente ao longo do tempo. Mais tarde, com o reconhecimento do trabalho deste grupo pelo bispo local, fato este que se deu há algumas décadas, o grupo ganhou importância e seus membros passaram a ser autoridades respeitadas.

Um dos pontos cruciais do pleito é o apontamento de que as rezadeiras são parte das comemorações em honra ao Divino Espírito Santo há mais de 40 anos. Elas representam, portanto, “práticas repetidas reiteradamente, transformadas e atualizadas. São referências culturais do município de Mogi das Cruzes”, descreve o documento. 

Esta não é a primeira iniciativa de reconhecimento da importância deste grupo por parte da Secretaria de Cultura. Em 2016 foi lançado, pelo Estúdio Municipal de Áudio e Música (EMAM), um CD que registra nas vozes das rezadeiras a Coroa do Divino Espírito Santo. O projeto faz parte da Coleção Boigyana, que tem como meta preservar e valorizar a memória cultural de Mogi das Cruzes.

Também existe um livro, lançado em 2016 pela mesma pesquisadora da UMC, Luci Bonini, que trata da memória das rezadeiras.

“É uma ação importante, que dá mais um passo na contribuição para a preservação da memória cultural da nossa cidade. Essa inserção seria como uma espécie de tombamento de um patrimônio, porém em se tratando de algo imaterial o procedimento é outro”, explica o secretário municipal de Cultura e coordenador municipal de Turismo, Mateus Sartori.