A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai ter que gerenciar mais uma crise, além da de água. Isso porque funcionários das agências do Alto Tietê e de todo o Estado ameaçam cruzar os braços por conta dos ajustes no quadro de funcionários que está sendo feito pela empresa. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema), até agora foram demitidos em todo o Estado 300 funcionários de setores operacionais, ou seja, profissionais que atuam com manutenção das tubulações e de vazamentos na rede. A estatal alega que os cortes já estavam previstos e que será uma medida de redução na folha de pagamento. O presidente do Sintaema, Rene Vicente dos Santos, é incisivo ao criticar a companhia. "É o momento errado para se demitir. Eles estão jogando fora mão-de-obra qualificada em um período em que se deveria responder à população com mais obras e reparos na rede, a fim de diminuir as perdas na tubulação", explicou. De acordo com Santos, na terça-feira, às 8 horas, a categoria vai se reunir para discutir o plano de demissões da empresa. A previsão, segundo ele, é de que sejam paralisados os serviços. Até ontem, de acordo com o sindicato, foram homologadas 335 demissões de trabalhadores de todo o Estado. Os cortes começaram na semana passada e a previsão é de que esse número chegue a 600. Santos disse que as demissões podem acarretar na precarização do serviço prestado e que a postura da Sabesp não é adequada. TRANSPARÊNCIA Para o presidente do sindicato, faltou transparência e respeito por parte da Sabesp aos consumidores. Desde o ano passado, quando o cenário já estava desfavorável por conta da estiagem no Sudeste, a estatal tinha que tomar medidas como o racionamento e evitar que os reservatórios chegassem à beira de um colapso. "A população é a maior prejudicada. O governo não admite o racionamento, porém isso vem sendo feito há meses em muitos bairros", criticou. "Agora que a crise se aprofundou o secretário de saneamento e Recursos Hídricos, Bendito Braga, classifica como "penúria hídrica", quando, na verdade, estamos diante de um colapso iminente", finalizou. A reportagem do DS procurou a Sabesp para esclarecimentos, mas até o fechamento desta edição não teve resposta.