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Economia

Presidente do Corecon diz que Selic é exorbitante e impede investimentos

13 setembro 2015 - 08h00

É difícil falar de redistribuição de riqueza em um momento no qual o Brasil passa por uma recessão tão profunda, mas foi exatamente isso que o Conselho Federal de Economia (Cofecon) fez nos últimos três dias durante seu XXI Congresso Brasileiro. O presidente do órgão, Paulo Dantas, critica o nível "exorbitante" da Selic, que impede os investimentos produtivos, e defende uma reforma tributária profunda. Como o senhor avalia o atual momento de extrema turbulência na economia brasileira? Paulo Dantas: Realmente nós passamos para um momento de gravíssima dificuldade, temos problemas nas contas públicas, que não fecham. Isso ficou muito evidente no encaminhamento de um projeto de Orçamento deficitário para 2016. Nós no Conselho Federal de Economia temos tido posição muito firme com relação à condução das questões econômicas e temos uma marca bem registrada no que diz respeito à questão monetária. A taxa básica de juros que vem sendo praticada no Brasil está acima de tudo quanto a gente pode imaginar como algo razoável. É um nível exorbitante. O Banco Central não precisa agir para controlar a inflação? Dantas: Nós não condenamos o remédio. Se para combater a inflação é necessário ter uma taxa elevada de juros, muito bem. O que nós contestamos é a dosagem. Nós estamos assistindo a níveis de inflação da ordem de 9,3% e a taxa de juros está cinco pontos porcentuais acima disso. Não precisa disso, é um nível exorbitante. Isso tem três consequências básicas. A primeira é a repercussão em cima das contas públicas. O governo faz um esforço muito grande para conter as despesas públicas e do outro lado aumenta o gasto via serviço da dívida. O segundo ponto diz respeito à inibição do investimento, que neste momento é a peça-chave para a economia brasileira. Ideal seria taxa de investimento de 28% do PIB, e o que temos é uma taxa de 17%. Quando o BC forçou a Selic para baixo em 2012, com juro real de pouco mais de 1%, esse experimento não deu certo. E a autoridade ainda perdeu a credibilidade em função da leniência com a inflação. Dantas: Isso é verdade. Mas a expectativa que a gente precisa ter é de uma calibragem que seja adequada para combater a inflação. Lá no passado houve equívoco, mas talvez seja agora muito fácil falar do que passou. De qualquer forma, a taxa atual está fora do comum. Parece que, para resolver os problemas da economia brasileira, estamos destruindo a própria economia. Estamos vendo diversos setores caminhando para trás. O que precisaria no curto prazo para estabilizar a economia? Dantas: O item número um do Cofecon diz respeito à gestão da taxa de juros. Mas é preciso que a gente reconheça os problemas da economia brasileira. Boa parte do nível de inflação que vemos hoje diz respeito aos preços administrados. Isso é resultado de uma correção de falhas que foram cometidas no passado. Segurou-se preços, o que foi um pecado mortal. Muitos setores pedem a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O Cofecon defende a permanência dele no cargo? Dantas: Essa é uma questão muito mais política. O cargo pertence, de fato, à presidente da República. Eu, particularmente, entendo que não é o caso de trocar A por B ou C. O ministro está conduzindo as políticas. As críticas que fazemos são do ponto de vista técnico, mas não defendemos essa coisa de tirar um e botar outro.

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