O quadro de deterioração das expectativas para o cenário econômico de 2015 está cada vez mais consolidado. No Relatório de Mercado Focus de ontem, analistas do setor privado ajustaram mais uma vez para pior previsões para o rumo da atividade e da inflação. Pelos cálculos dos cerca de 100 profissionais consultados semanalmente pelo Banco Central, o IPCA deve fechar o ano em 8,46%. Foi a 8ª revisão consecutiva para cima. Já para o Produto Interno Bruto (PIB) as estimativas só derretem Estão agora em retração de 1,30%. A alteração das projeções para a atividade está calcada em uma revisão mais drástica para a produção industrial, que, em apenas uma semana, mergulhou de -2,80% para -3,20%. Para 2016, a perspectiva é de melhora ainda que tímida tanto no campo da inflação quanto da economia, mas não houve alteração das previsões atualizadas ontem pelo BC. Os preços devem subir 5,50% - patamar em que se encontram há três semanas - e o PIB deve ter expansão de 1%, estimativa congelada nesse nível há dois meses. A equipe de economistas da SulAmérica de Investimentos prevê justamente um avanço de 8,46% para o IPCA deste ano. A expectativa do economista-chefe da instituição, Newton Camargo Rosa, é a de que os preços voltem a se comportar no ano que vem, atingindo a marca de 4,80%. Ainda que acima da meta de 4,50% perseguida pelo BC, a taxa aguardada para 2016 é bem mais amena do que a projetada para 2015. Os porta-vozes da equipe econômica têm enfatizado que 2015 é um ano de transição. O BC já “jogou a toalha” a respeito do cumprimento da meta deste ano e diz que trabalha para que os efeitos trazidos pela alta das tarifas públicas e pelo câmbio não contaminem o índice de 2016. Na Fazenda, o foco agora é no aumento do caixa, por meio de cortes de gastos ou, principalmente, por alta de impostos. O momento agora é o de aguardar os argumentos que levaram a diretoria do BC a aumentar mais uma vez a taxa básica de juros, a Selic, na semana passada.