Os professores paulistas decidiram na sexta-feira passada, em assembleia geral, manter a greve iniciada há 28 dias. A paralisação tem dois lados da moeda: um que prejudica, sobremaneira, estudantes das escolas do Estado; outra que pode ser considerada uma reivindicação legítima por conta dos baixos salários dos profissionais. A assembleia dos professores, realizada na Praça Roberto Gomes Pedrosa, próxima ao Palácio dos Bandeirantes, teve a presença de pelo menos 5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Após a decisão, os professores seguiram para a sede do governo paulista. Eles reivindicam a abertura de negociação com o governo do Estado, além de reajuste de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias de nível superior e a incorporação do bônus concedido aos professores, com base no rendimento dos profissionais. Na última semana, os professores bloquearam o tráfego em rodovias para pressionar o governo a negociar. A Secretaria da Educação do Estado informou que permanece aberta ao diálogo e que, neste ano, reuniu-se quatro vezes com os sindicatos que representam os servidores. Aliás, é importante que o diálogo esteja aberto. Os professores da rede estadual paulista que receberam reajuste salarial em agosto contam com um piso salarial 26% superior ao estabelecido em todo o País, com um aumento salarial de 45% nos últimos quatro anos, afirma o governo estadual. Este mês a pasta iniciou o pagamento de bônus. Mas, não é o que os professores afirmam. Para eles, a greve não é apenas por melhores salários, mas sim por melhores condições de trabalho. O professor é o grande protagonista do ensino. Sem a interação dele com os alunos, o processo de aprendizagem não é otimizado. Para pesquisadores de diversas áreas, não há dúvidas de que o papel do professor é determinante para o bom desempenho escolar dos alunos. Quanto melhor for o desempenho do professor, melhor será o desempenho do aluno. Outros fatores - como escolaridade dos pais, infraestrutura escolar, acesso a materiais didáticos também influenciam a aprendizagem, claro, mas a qualificação do professor é o que mais impacta no êxito do aluno.