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Nacional

Estado fez acordo com facção para fim de ataques em 2006, diz depoimento

28 julho 2015 - 08h01

Depoimento obtido com exclusividade pela reportagem mostra que representantes da cúpula do governo estadual fizeram um acordo com o chefe de uma facção criminosa de São Paulo, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para pôr fim à onda de ataques dos criminosos em maio de 2006. A reunião foi feita dentro do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes. A declaração, do delegado José Luiz Ramos Cavalcanti, foi dada durante depoimento em processo judicial que investigou advogadas supostamente ligadas ao crime organizado. Ele foi um dos escolhidos pelo governo para participar do encontro em 2006. Apesar de essa possibilidade ter sido divulgada na época dos atentados, o governo do Estado sempre negou o acordo com a facção e admitiu apenas que a conversa com Marcola foi uma condição para a rendição. A proposta do crime organizado foi levada pela advogada Iracema Vasciaveo, então presidente da ONG Nova Ordem, que defendia o direito dos presos e, na época, representava a facção: se os responsáveis pelo comando dos atentados nas ruas fossem informados de que Marcola estava bem fisicamente, que não havia sido torturado por policiais e que os presos amotinados não seriam agredidos pela Polícia Militar (PM), os ataques seriam encerrados. O recado deveria ser dado pelo próprio chefe da facção. O papel de Iracema era convencer Marcola a aceitar a ideia. A cúpula das secretarias de Segurança Pública e da Administração Penitenciária, cujos chefes na época eram Saulo de Castro Abreu Filho e Nagashi Furukawa, respectivamente, aceitaram a ideia da advogada. O então governador, Claudio Lembo, autorizou o encontro. Cavalcanti contou que Ruiz Lopes e o diretor do Presídio de Presidente Bernardes, Luciano Orlando, autorizaram que a advogada entrasse com celulares. Todos ficaram em uma sala e Marcola foi levado por um agente penitenciário.

GOVERNO NEGA REUNIÃO O secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, reagiu ontem, no Palácio dos Bandeirantes, ao ser questionado sobre o suposto acordo com a fação. "Não há nenhum acordo, não houve nenhum acordo e não haverá enquanto for o governador, Geraldo Alckmin, e eu for o secretário da segurança. Nós não fazemos nenhum acordo com bandido, não fazemos nenhum acordo com criminosos, sejam eles de facção criminosa, sejam eles de não facção criminosa", afirmou.