Se não houver novos recursos judiciais, a Marinha anunciará, nas próximas semanas, a vencedora da licitação para a construção da nova estação brasileira na Antártida, encerrando a "guerra do gelo" criada pela disputa entre três empresas para reerguer a base polar. Na quinta-feira, após a Justiça dar ganho de causa à Marinha, permitindo a continuidade do processo de licitação, os envelopes com os preços propostos pelas três empresas que participam da disputa foram abertos. A chinesa Ceiec apresentou menor preço, seguida pela finlandesa OY FCR Finland e pelo consórcio chileno-brasileiro Tecnofast/Ferreira Guedes. Todas propuseram o preço dentro do estabelecido pelo edital, com limite de US$ 110,5 milhões (R$ 332 milhões). Este, no entanto, ainda não é o resultado final. Falta a comissão técnica fazer a análise dos preços da planilha de custos para a instalação da nova Estação Comandante Ferraz, na Baía do Almirantado, o que deve levar mais alguns dias. O responsável pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar), almirante Marcos Silva Rodrigues, comemorou. "A Justiça entendeu a importância do projeto, que a Marinha estava correta, e reverteu a própria decisão, permitindo que abríssemos os envelopes de preços", disse. O almirante afirmou que a expectativa é de que em outubro seja lançada a pedra fundamental do novo prédio. Silva Rodrigues explicou, ainda, que o contrato prevê que a estação esteja pronta em 540 dias. Ou seja, em março de 2017. Mas ressalvou que "fatos supervenientes poderão atrasar a instalação da base, como problemas atmosféricos e climatológicos". E lembrou que o clima da região dificulta o trabalho. "O maior inimigo é o vento." Após o incêndio que destruiu a base brasileira, em 25 de fevereiro de 2012, provocando a morte de dois militares, e depois de remover 900 toneladas de lixo e ferro, a Marinha ouviu a comunidade científica e ambiental. Lançou concurso para a escolha do projeto executivo da nova estação antártica e, no fim de 2013, publicou o primeiro edital, oferecido apenas a empresas brasileiras. Em fevereiro de 2014, o processo foi encerrado sem ter recebido nenhuma proposta.
NOVA BASE A nova base terá 4,5 mil metros quadrados, 60% maior do que a antiga, que tinha 2,8 mil metros quadrados. Serão ampliados os laboratórios de seis para 14. A segurança será aumentada, assim como o local de depósitos. O número máximo de pessoas que podem permanecer na base será mantido em 65 para evitar impacto ambiental.