Planalto vai combater qualquer possível ameaça à democracia, diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou ontem, em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, que o governo "está atento a todas as tentativas de produzir uma espécie de instabilidade profunda no País". Ela fez as declarações em breve entrevistas após a cerimônia de entrega do XXVII Prêmio Jovem Cientista - Segurança Alimentar Nutricional. "O pessoal do quanto pior melhor. Esse pessoal, só eles ganham, a população e o resto dos setores produtivos, de trabalhadores, cientistas, perdem", disse. No discurso proferido no evento, a presidente já havia dito que o Brasil é muito maior do que os "pessimistas de plantão" querem fazer crer. Aos jornalistas, ela ainda afirmou que o governo vai combater qualquer possível ameaça à democracia, sem entrar em detalhes. "O Brasil a duras penas conquistou uma democracia. Eu sei do que estou dizendo. Nós não vamos em momento algum concordar, ou faremos tudo para impedir que processos não democráticos cresçam e se fortaleçam", ressaltou. ALIADOS Em café da manhã na Câmara ontem, parlamentares e lideranças políticas saíram em defesa de Dilma e das novas medidas de ajuste econômico. Do encontro, foi divulgado manifesto assinado pelos participantes. Após a reunião, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, afirmou que há um clamor nacional pela recuperação da economia. "Em todos os cantos do País, há aqueles que sabem entender a importância da normalidade da atividade econômica, o quanto é importante o pacote de ajustes", defendeu. Segundo o ministro, o governo já cortou o máximo possível do Orçamento da União e, diante dos cortes, é preciso criar receitas que permitam garantir equilíbrio e gerar superávit fiscal. O presidente do PT, Rui Falcão, também presente ao encontro, seguiu na mesma linha. Para ele, setores da sociedade não se conformam com a derrota eleitoral. "Tentam abreviar o mandato da presidente, mas nós nos manifestamos em defesa do mandato popular e da democracia", afirmou. Falcão disse acreditar que a maior parte da população se manifesta contra "todo tipo de golpismo". Sobre o novo pacote de ajuste, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que o partido terá posição majoritária para o que é melhor para o País. O deputado defendeu a importância de aprovar o pacote de corte de gastos e aumento de receitas apresentado ontem pelo governo. "Pode haver modificação, pode haver ajustes na proposta, mas o que não pode é não fazer nada", disse, ponderando que o pacote terá tramitação dura. "É um tema espinhoso".