PF intima filho de Lula e ministro da Justiça cobra explicação
O empresário Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Lula, foi intimado a prestar depoimento no escândalo da compra de medidas provisórias. Ele foi notificado às 23 horas da última terça-feira, após voltar da festa de aniversário de Lula. O horário e a data foram considerados afronta pela defesa e pelo ex-presidente, o que levou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a cobrar "imediatos esclarecimentos" do diretor-geral da PF, Leandro Daiello. Em ofício enviado ao chefe da PF, Cardozo cobrou explicações sobre a possibilidade de "o Sr. Luís Cláudio Lula da Silva ter sido intimado, em tese, fora do procedimento usual, para prestar depoimento em inquérito policial". A PF não se manifestou. Investigadores disseram que não há nada na legislação que impeça a entrega de intimação à noite. A manifestação do ministro ocorreu após a defesa de Luís Cláudio, o PT e o próprio ex-presidente Lula se queixarem do ocorrido. O partido e interlocutores do ex-presidente têm se queixado da suposta "falta de controle" do governo sobre as ações da PF. Esse seria um dos motivos de insatisfação com a presidente Dilma Rousseff (PT), aliada do petista. A pedido da defesa de Luís Claudio, o depoimento dele foi adiado de ontem para a próxima semana. O filho de Lula virou alvo das investigações após ser revelado que recebeu dinheiro da consultoria Marcondes & Mautoni, suspeita de ter operacionalizado a compra das medidas provisórias 471/2009, 512/2010 e 627/2013. Questionado, ele confirmou que os pagamentos foram de R$ 2,4 milhões. As investigações relacionam os repasses à empresa de Luís Cláudio à edição dessa última MP. O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Luís, divulgou nota informando que pediu o adiamento porque ele "foi intimado pela Polícia Federal, na última terça-feira, por volta das 23 horas. Como o prazo entre a intimação e a oitiva era muito curto e os advogados não tinham conhecimento do inteiro teor das investigações, foi requerida a marcação de nova data para que sejam prestados os esclarecimentos”.