Videogames dos anos 90: Livro reconta 'guerra' entre Sega e Nintendo
Na virada da década de 80 para os anos 90, a Nintendo era dona de nada menos que 90% do mercado de videogames no mundo. Cinco anos depois, a empresa japonesa tinha menos da metade dos consoles vendidos no planeta. A culpa dessa mudança foi da também japonesa Sega. Auxiliada por um ouriço azul chamado Sonic e grandes estratégias espertas de marketing, a empresa mostrou que era um segundo jogador à altura da criadora de jogos como Mario e Zelda. Duas décadas depois, essa história virou o livro “A Guerra dos Consoles”, escrito pelo jornalista Blake Harris. Recém-publicado no Brasil pela Intrínseca, o livro de 600 páginas conta a saga da batalha entre o Super Nintendo e o Mega Drive pelo coração e pelas mentes das crianças dos anos 90. A história deve chegar aos cinemas em breve como filme - liderado pelo ator Seth Rogen (A Entrevista) e pelo produtor Scott Rudin (A Rede Social) e documentário, produzido pelo autor. "Nos anos 90, o termo “gamer” não existia: se você era criança, você jogava videogames", diz o autor de “A Guerra dos Consoles ao Estado”. LEGADO Mais do que uma disputa comercial e criativa entre um azarão e um gigante, a batalha entre Sega e Nintendo deixou marcas profundas na indústria dos videogames. "Nos anos 80, os games eram como o Velho Oeste, com sabotagem industrial e cópias para todos os lados. Nos anos 90, as empresas começaram a pensar como um mercado", comenta o autor, lembrando da criação do dispositivo de classificação indicativa para jogos, o ESRB, e da principal feira de games do mundo, a E3, que teve sua 20ª edição em 2015. No entanto, o maior legado do conflito entre a casa do Mario e a do Sonic é a mudança de como os games são vistos. "A Sega fez com que os jogos deixassem de ser só para crianças e começassem a ser pensados para os adultos", explica Harris, citando títulos como o sanguinolento Mortal Kombat. Para ele, sucessos como o game de tiro Call of Duty só existem hoje "por causa da atitude da Sega". LIÇÕES Escrito em linguagem acessível, “A Guerra dos Consoles” é cheio de passagens interessantes sobre as decisões de negócios das duas empresas. Para o autor, o livro tem boas lições mesmo para quem não é viciado em games. "Meu livro conta a história de como um azarão roubou metade do mercado de uma gigante. Todo executivo pode aprender algo com isso."