Editorial

Mercado de trabalho

26 ABR 2015 • POR • 08h00

O cenário para o mercado de trabalho no Brasil, que já estava em estado de atenção desde o final do ano passado, ganha, neste começo de 2015, mais ingredientes que reforçam os alertas feitos por especialistas nos últimos meses. As empresas no Alto Tietê “correm” para buscar alternativas de geração de emprego, assim como as administrações municipais. A instituição do Plano de Geração de Emprego tem sido um desafio para os prefeitos das cidades da região. Ainda não está claro o tamanho do impacto que as demissões no setor automotivo, por exemplo, terão sobre os dados do mercado de trabalho, mas os desligamentos nas montadoras são sintomáticas sobre a situação do emprego industrial e na nova fase em que entrou a política econômica, segundo avaliação de especialistas. Mas existe um alento para todo o mercado. Na semana passada, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, demonstraram que o mercado formal de trabalho gerou em março 19.282 empregos com carteira assinada, um crescimento de 0,05% em relação ao estoque do mês anterior em todo o País. O crescimento pode demonstrar o reaquecimento do mercado de trabalho, que voltou a gerar vagas após 3 meses consecutivos de queda. O resultado é superior ao registrado em março de 2014, quando foram gerados 13.117 postos de trabalho. A expectativa é que em abril essa trajetória continue e o mercado siga nesta tendência de crescimento e reverta o quadro negativo dos dois primeiros meses do ano. O País, estados e municípios tiveram um janeiro negativo, um fevereiro que estabilizou e março que pode dar algum tipo de esperança de melhora. O comportamento do mercado de trabalho no Brasil é um tema que merece uma maior reflexão da sociedade, notadamente sob os aspectos econômicos e políticos. A economia brasileira passa por um quadro inusitado, com taxas de crescimento da economia (PIB) muito baixas nos últimos anos, e um mercado de trabalho próximo do pleno emprego. Este contexto instigante, quase paradoxal, indica que é preciso analisar e explicar melhor o que está ocorrendo nesse importante mercado. Assim fica a grande expectativa de uma provável melhora nos setores que mais aquecem a economia.