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Há 17 anos, corintiano de Itaquaquecetuba adota aeroporto de Guarulhos como moradia

Denis Luiz de Souza chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos no início dos anos 2000 e está lá até hoje

10 SET 2017 • POR Marília Campos - Da Região • 09h00

Denis Luiz de Souza, de 34 anos, chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos no início dos anos 2000 e desde então vive com a ajuda de funcionários do local, que contribuem para que o homem consiga sanar necessidades básicas, como comer e tomar banho. O caso do menino que saiu de Itaquaquecetuba ainda adolescente para morar no Terminal 2 ganhou repercussão na grande mídia em 2015. Em uma das matérias veiculadas na Record TV, o Corintiano, como é conhecido, pode visitar o Centro de Treinamento (CT) do time e se encontrou com os ídolos Jô e Jadson. O futebol representa a ponte de ligação entre Denis e a realidade fora do aeroporto.

Corinthiano conta que na adolescência viveu em Itaquá, porém, os frequentes desentendimentos com a madrasta o fazia sair de casa. "Eu era de Itaquaquecetuba, minha madrasta me mal tratava e eu vinha de ônibus e ficava aqui ou andava pela Armênia", disse articulando com as mãos. Mais de 15 anos no aeroporto foi tempo suficiente para Denis conquistar a amizade daqueles que trabalham no lugar. "Gosto de morar aqui, todo mundo me ajuda, os passageiros, os funcionários".

O homem também realiza alguns serviços pelo local, como office-boy para entregas e favores no banco. A atividade lhe rende dinheiro suficiente para comprar as edições do jornal esportivo favorito. Apesar de não saber ler, é atualizado quanto às novidades do Corinthians. "Eu peço pra alguém ler pra mim. Compro com o dinheiro que consigo pelo serviço de entrega, pago conta no banco, ajudo o pessoal daqui". Outro companheiro inseparável é o rádio em que escuta as transmissões dos jogos. "Eu escuto o jogo pelo rádio, que ganhei do Zildo, ele é da fiscalização dos táxis, faz tempo. Quando não tinha rádio, eu dava um jeito de ver pela TV".

Denis costuma dormir tarde. Aguarda os passageiros esvaziarem os assentos de espera para passar a noite ali, deitado no conjunto de quatro bancos, amparado por manta fina que durante o dia é guardada junto aos pertences abrigados em um espaço reservado. "Eles (funcionários) me deixam guardar minhas coisas nos carrinhos da TAM (atual Latam)". Quanto ao banho, os parceiros de trabalhos também se organizam para subsidiar a despesa em um hotel instalado dentro do aeroporto. São R$ 50 a cada banho, por isso as duchas não acontecem todos os dias.