Estudante que lutou com atirador encoraja garotas a praticar autodefesa
Para ela, a autodefesa, que desenvolveu no tatame, é necessária tanto para a independência da mulher, quanto para se proteger da violência diária
19 MAR 2019 • POR Aline Moreira - de Suzano • 20h39
Rhyllary começou a praticar a luta com 13 anos - Sabrina Silva/DS
A estudante e lutadora de jiu-jitsu, Rhyllary Barbosa de Souza, de 15 anos - que enfrentou um dos atiradores do massacre na Escola Estadual (E.E) Profº Raul Brasil - encoraja garotas a aprender a se defender. Para ela, a autodefesa, que desenvolveu no tatame, é necessária tanto para a independência da mulher, quanto para se proteger da violência diária.
"A mensagem que deixo para as meninas que querem praticar luta é que elas estão no caminho certo. Em minha opinião, essa coisa de mulher ser delicada e vulnerável já passou; a gente está vivendo outro tempo. Por mais que somos taxadas como frágeis, temos que aprender a nos defender sozinhas porque a maldade no mundo não é só direcionada aos homens, mas também as mulheres", conta.
Ela ainda ressalta que as mulheres hoje em dia precisam estar preparadas psicologicamente e fisicamente pra todo e qualquer tipo de adversidade. "A luta não vai tirar a delicadeza da mulher, em momento algum, mas vai deixá-la preparada. Precisamos estar alerta para tudo", enfatiza.
Rhyllary começou a praticar a luta com 13 anos. Ela jamais imaginava que dois anos depois precisaria colocar em prática o que aprendeu para salvar a sua vida e a dos demais colegas, uma vez que Rhyllary foi responsável por abrir o portão principal da escola e permitir que os demais alunos evadissem o local.
"A minha reação na hora foi muito automática, quando a gente pratica esse tipo de luta e passa por alguma ameaça, já sabemos como responder e como nos comportar", informa. Rhyllary ainda conta que não permitiu que o atirador a derrubasse no chão. Para isso, ela usou táticas que aprendeu durante os treinos para conseguir escapar do criminoso.
"Eu acredito que ele estava tentando me derrubar no chão para me machucar, mas não permiti isso. Ele tentou dar um soco no meu rosto, mas eu virei e ele acertou na cabeça e foi aqui que eu me chacoalhei para ele me soltar", relembra.
Rhyllary é firme quando anuncia que irá continuar estudando na escola e praticando a luta que tanto gosta. "Vou seguir no jiu-jitsu, sempre buscando me aperfeiçoar mais, e vou continuar na escola pelos amigos".