Comércio: 60% dos empresários são contra o retorno às atividades
Enquete aponta que comerciantes estão confiantes com retorno dos clientes, mas moradores temem retorno
6 ABR 2020 • POR Nayara Francesco - da Região • 20h33
Pesquisa mostrou apoio da maioria dos lojistas para a quarentena - Regiane Bento/Divulgação
Cerca de 60% dos comerciantes não são a favor da abertura dos estabelecimentos. O dado é da pesquisa realizada com os varejistas pelo Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes e Região (Sincomércio). As lojas estão parcialmente fechadas por determinação do governo do Estado de São Paulo, após anunciar quarentena em todos os 645 municípios, pela primeira vez, no dia 21 de março. Ontem, o Estado anunciou a prorrogação do isolamento (detalhes na editoria de região).
A pesquisa possui 612 respostas e foi composta por oito perguntas e espaço aberto para sugestões. Aqueles que são a favor da abertura do comércio (40%), responderam que realizariam atendimento diferenciado para os grupo de risco de contaminação por coronavírus. Destes 40%, a maioria (90,8%) alegou que garantiria o limite de pessoas no interior da loja, caso precisassem retornar às atividades.
Além dos cuidados, os comerciantes varejistas a favor do retorno afirmaram que providenciariam EPI - Equipamento de Proteção Individual (89,5%) para os clientes e que estão totalmente cientes dos riscos de retornarem aos negócios em meio a pandemia (94,1%).
O suzanense Rodrigo Barbosa, 36 anos, professor de Arte da rede municipal de São Paulo, contou que reduziu a frequência nos mercados e lojas e que só sai de casa para comprar o necessário. “Saio para fazer a minha compra e a dos meus pais, que são do grupo de risco. Assim que saíram as primeiras medidas eu já fiz a compra do necessário e agora vou duas vezes por semana para comprar o hortifruti”, explicou.
Sobre o retorno dos pequenos comércios na região, o professor conta que é difícil ter um posicionamento antes do dia 6 de abril, um dia antes da finalização da quarentena. “Não temos noção dos dados reais, é precoce o posicionamento. Eu acredito que o decreto deve ser cumprido por todos”, avaliou.
Ele ainda expõe, como cidadão, que existe uma lentidão da parte do governo federal nas liberações de auxílios econômicos para empresários e trabalhadores. “As pessoas querem comprar. Mas, não há clareza nas medidas econômicas de auxílio para os trabalhadores. Não está claro, as pessoas irão segurar mais as economias por conta da insegurança da parte do governo”, comentou.
Natural de Mogi e moradora há 47 anos, a biomédica Claudia Elaine Monteiro contou que está indo muito pouco ao mercado e realiza suas compras por telefone. “Se o comércio abrir eu não vou até as lojas. Eu tenho a noção dos riscos, por ser da área da saúde. A curva precisa achatar, é muito importante que isso aconteça. Eu e todos os meus familiares vamos esperar as autoridades da Saúde anunciarem o retorno. Antes disso, sem chance”, esclareceu.
Moradora há 44 anos, em Mogi das Cruzes, a professora Raquel Blaustein também afirmou que está realizando as comprar por telefone. “Sinto medo de sair de casa por conta do alto risco. Esta doença não tem idade, eu posso pegar e passar para minhas filhas. Só saio para comprar alimentos para os meus pais, que são idosos”, contou.
Gradual
Apesar do receio em sair às ruas, a pesquisa do Sincomércio indica que 96,1% dos comerciantes acreditam que haverá consumidores indo as lojas.
Entre as sugestões dos empresários do setor varejista da região está a abertura do comércio de maneira gradual. “Meia turma por meio período, depois de quinze em quinze dias inverte. Já teríamos um mês se passando e depois com o fim da epidemia poderíamos voltar ao normal”, cita um dos participantes na pesquisa.