Família suzanense se mobiliza para provar inocência de parente preso por engano
Preso desde o dia 1º de julho, Daniel dos Santos tenta provar na Justiça sua inocência, e mostrar que não tem qualquer relação a um roubo ocorrido em 2010, na pequena cidade de Francisco Ayres, no Piauí. Na época do crime, o rapaz estava trabalhando, inclusive havendo testemunhas e provas, como cartão de ponto, a qual comprova a presença. A família do rapaz é de Suzano. De acordo com a advogada de defesa, Madri Ana Maria da Silva Barbosa, mesmo com as provas expondo os erros, um habeas corpus (HC) foi negado pelo Poder Judiciário do Piauí.
O drama da família suzanense se estica há dias, e a sensação de injustiça aumenta cada vez mais. Uma página denominada ‘Daniel é Inocente’ foi feita, no Facebook, para expor o caso, mostrar as provas e apontar as falhas da prisão e reivindicar ajuda. São mais de 300 pessoas seguindo o perfil.
Para Nair Marcelina, irmã de Santos, o medo da família é que o rapaz fique recluso por um período maior. Ela diz que o irmão nunca sequer visitou o Estado do Piauí, tampouco a cidade de Francisco Ayres, em toda a sua vida. “São muitos os erros, e a gente vê-lo preso é muito triste. Continuaremos tentando mostrar e divulgar o caso, porque é uma injustiça sem tamanho”, pontuou ela. “Moramos em Suzano, toda a família. Ele conseguiu construir uma casinha em Ribeirão Pires. Por isso, ele está preso lá na Delegacia da cidade”, acrescentou.
Ela diz, ainda, que o problema começou justamente em 2010, quando o irmão teve os documentos clonados. À época, segundo Nair, o rapaz teve problemas quanto à contratação de serviços, mas conseguiu provar não ter conhecimento do pedido. Um Boletim de Ocorrência (B.O.) chegou a ser registrado para noticiar a situação.
Mesmo com emprego e moradia fixa, provas, testemunhos e documentos expondo os erros da prisão, a Justiça do Piauí indeferiu pedido de Habeas Corpus (HC) de Santos. “Ele deve ser levado para cumprir a pena em Santo André. Esperamos que seja cumprida aqui, porque tem residência fixa etc. E vamos continuar buscando mostrar que ele é inocente e foi preso injustamente”, disse Madri Ana.
A advogada de defesa explicou como se deu toda essa confusão. “Em 2010, três pessoas roubaram um malote da Prefeitura de Francisco Ayres. Na época, os indivíduos fugiram e se envolveram num acidente, sendo presos. Um apresentou uma CNH, com o nome e números do CPF e RG iguais ao do Daniel. Depois de preso, ele fugiu e nunca mais foi visto. Quando você vê essa cópia da CNH e a do meu cliente, é nítido as divergências”, contou ela, que acrescentou dizendo que o número da CNH dada pelo suspeito nem sequer consta nos sistemas de São Paulo.
“É inadmissível. Quando o Ministério Público precisa, identifica a pessoa pelo título de eleitor. O Daniel, por exemplo, é mesário e nem com isso conseguiram ver o erro. O processo está viciado”, finalizou a advogada, que está contando com o auxílio do escritório Jairo Lima Associados.