Editorial

Poucos médicos

14 JUN 2015 • POR • 08h00

Em 2013, uma pesquisa do Ipea realizada com 2.773 frequentadores do Sistema Único de Saúde (SUS) indicou que o principal problema de 58% dos brasileiros que procuram atendimento na rede pública é a falta de médicos. Em um País com cerca de 400 mil médicos formados, no qual pouco mais de 300 mil exercem a profissão, nada menos que 700 municípios – ou 15% do total – não possuem um único profissional de saúde. Em outros 1,9 mil municípios, 3 mil candidatos a paciente disputam a atenção estatística de menos de um médico por pessoa – imagine por 30 segundos como pode ser a consulta dessas pessoas. Naquele mesmo ano, o País implementou um programa. Trata-se da criação do programa Mais Hospitais, Mais Médicos. Na edição de hoje, o DS divulga um importante levantamento mostrando que o Alto Tietê tem um déficit grande de médicos. A região tem pouco mais da metade dos médicos que precisa. A situação é difícil em todo País. Embora inclua ampliação de bolsas de estudo para recém-formados e mudanças na prioridade para cursos de especialização, com foco nas necessidades próprias da população menos assistida, o ponto forte do programa envolve uma decisão política drástica – a de trazer milhares de médicos estrangeiros, da Espanha, de Portugal e de Cuba, para preencher 9,5 mil vagas em aberto nas regiões mais pobres do País. O Brasil tem, proporcionalmente à população, metade dos médicos dos países europeus. No Norte e Nordeste, essa taxa se aproxima à de alguns dos países mais pobres do mundo. O governo brasileiro discutiu muito a ideia de importar médicos, justamente para atender áreas de maior déficit. Se em alguns centros urbanos os números chegam a superar a média de países ricos, em outras regiões a penúria é dramática, com mais de 300 municípios em dificuldades. Segundo a OMS, há 17,6 médicos no Brasil para cada 10 mil pessoas. A taxa é um pouco inferior à média do restante dos países emergentes - 17,8. O índice também é inferior à média das Américas (mais de 20). A situação ainda é muito complicada em relação ao número de médicos. No entanto, os esforços dos governos municipais, estaduais e federal podem amenizar a situação.