Balé do Teatro Bolshoi chega no Rio e estará em SP na semana que vem
Erick Swolkin era adolescente quando viu um vídeo que o fez decidir o que queria fazer da vida. Aluno de balé, mas ainda sem considerar a dança seu futuro, o paulista radicado em Santa Catarina assistiu a uma gravação de Spartacus, do Bolshoi, o grande teatro russo. Incomum, o espetáculo tinha tema militar, masculino, ao contrário da maioria dos balés. O protagonista, a lenda russa Vladimir Vasiliev, instantaneamente se tornou seu ídolo. "Era o homem como a potência da dança." Swolkin sabia que aquele espetáculo era o lugar que queria ocupar no balé. Mas achava que era um sonho distante. Não imaginava que, quase uma década depois, estaria não só no elenco de Spartacus, como também seria bailarino do Bolshoi. Swolkin, de 24 anos, é um dos três brasileiros que atuam profissionalmente na tradicional companhia com sede em Moscou. Além dele, estão sua namorada, a maranhense Bruna Gaglianone, de 24 anos, e a mineira Mariana Gomes, de 28. Eles estão de volta ao Brasil para dançar, entre hoje e dia 28, os balés Spartacus e Giselle. Até o próximo domingo, os espetáculos serão no Theatro Municipal do Rio; partir da próxima quarta-feira, serão apresentados no Teatro Bradesco, em São Paulo. Bruna e Swolkin se conheceram na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, Santa Catarina, onde se formaram. Assim como o namorado, Bruna não imaginava que seria bailarina. Seu sonho era seguir a carreira de ginasta. O físico alongado, porém, era inadequado para o esporte, mas perfeito para a dança. Certo dia, uma professora a incentivou a ir para o Sul tentar uma vaga na única filial do Bolshoi no mundo. "Fui mais por causa do Beto Carrero, que é perto de Joinville, do que para o teste", brinca. Bruna passou em primeiro lugar e foi estudar no Bolshoi catarinense, em 2003. Lá já estava Swolkin, que entrou em 2001. O casal integrou a Companhia Jovem da escola. Enquanto estavam lá, souberam que o Bolshoi em Moscou estava aceitando vídeos de estrangeiros para fazer um estágio na companhia. Swolkin e Bruna não esperavam ser aceitos, mas enviaram uma gravação. Em 2011, foram aprovados e receberam o convite para ficar na Rússia. "No ano em que chegamos, até a gente conseguir a permissão de trabalho, que leva três meses, ficamos trabalhando sem receber", conta Bruna. Após contratempos, eles se estabeleceram em Moscou, mas não sem novas dificuldades. O clima ainda é um dos principais desafios. No inverno, faz até -30°C. "O que pesa é que a gente não vê a luz do sol. E o humor das pessoas fica totalmente diferente no inverno", diz Bruna. Mas todo o esforço tem valido a pena. Em apenas um ano, os dois foram promovidos para o corpo de baile de primeira categoria, a elite dos bailarinos que dançam conjuntos. Com frequência, participam de quartetos e sextetos. Isso em uma companhia de quase 300 integrantes. "Estamos ganhando a confiança deles. Falam que aprendemos rápido", diz Swolkin. "Aqui são 200 anos na frente. Tem hora que paro na reverence (agradecimento final), olho para aquele teatro e entendo a grandiosidade do Bolshoi e o que representa para o povo", diz Bruna. "Na Rússia, o balé é muito valorizado. Se falar que é do Bolshoi, tem muito prestígio", completa o bailarino.