IGP-M acelera para 0,74% na primeira prévia de março
A soja, os alimentos in natura e a gasolina nos postos ficaram mais caros, e o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) acelerou a 0,74% na primeira prévia de março. A taxa, anunciada ontem, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), veio muito acima do resultado de fevereiro (0,09%) e não foi além porque as tarifas de energia elétrica deram uma trégua ao bolso dos consumidores. Mas o refresco será passageiro, alertou o superintendente adjunto de Inflação da FGV, Salomão Quadros. O reajuste extraordinário autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no último dia 27 vai deixar as contas 23,4% mais caras. Além disso, desde o dia 1º de março o regime de bandeiras tarifárias vigora com valores maiores, o que também vai impactar o índice. Nenhum desses efeitos foi mensurado ainda, já que a primeira prévia do IGP-M deste mês captou preços entre os dias 21 e 28 de fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) até desacelerou na primeira prévia de março, para 0,88%. "Com isso tudo, o IGP-M de março será maior", avaliou Quadros. Em fevereiro, o índice final, muito empregado para reajustar aluguéis, subiu 0,27%. Um alívio no varejo virá da gasolina, que deve desacelerar após o aumento de 9,04% no índice divulgado hoje. Mas não será suficiente para fazer frente à conta de luz mais salgada. No atacado, a inflação começou março ganhando força. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,79%, ante queda de 0,34% na prévia de fevereiro. Só a soja ficou 4,56% mais cara neste mês. "Mas temos condições boas de safra. Não vejo razão para subir por muito tempo. O efeito deve seguir forte durante todo o mês de março, mas depois fica estável", comentou o superintendente. Os alimentos in natura também avançaram, em especial os ovos, num movimento típico da época. Uma possível repercussão sobre o varejo, porém, ainda não preocupa, embora tampouco haja expectativa de alívio. "Considerando os alimentos que vão para a mesa dos consumidores, não teremos uma safra brilhante. Pelo lado da oferta, a contribuição será suficiente para não ter disparada, mas não será fator de alívio. Qualquer imprevisto pode gerar uma situação complicada", alertou Quadros. O câmbio é outro fator de pressão, pois anula a queda de preços de commodities no mercado internacional. O minério de ferro, por exemplo, recuou 4,99% na prévia de fevereiro. Neste mês, caiu 1,14%. Os materiais para manufatura, considerados um termômetro do repasse cambial, também caíram menos em março. Diante de todos esses efeitos, a Tendências Consultoria Integrada vai rever sua estimativa para o IGP-M fechado de março, hoje em 0,40%. "A expectativa é de que o avanço dos produtos in natura e o menor recuo do minério de ferro continuem a exercer pressão inflacionária sobre o IPA", avaliaram os economistas Silvio Campos Neto e Thiago Xavier.