Cidades

Cidades têm ao menos 660 pessoas atendidas com Doença Renal Crônica

Prefeituras do Alto Tietê realizam ações no mês de conscientização para cuidados da doença e assistência

4 MAR 2023 • POR Ingrid Leone - de Suzano • 10h00
Atendimento chega a mais de 600 pacientes - Regiane Bento/DS
As cidades da região têm, ao menos, 660 pessoas diagnosticadas com a Doença Renal Crônica (DRC). No mês de conscientização, em março, os municípios realizam uma série de ações para informar os sintomas, cuidados e como buscar ajuda.
 
Para a Secretaria Municipal de Saúde de Ferraz, a data propõe chamar a atenção para os riscos da doença e enfatiza os esforços na prevenção e no diagnóstico precoce, e assim oferecer melhor qualidade de vida a estes pacientes.
 
No Alto Tietê, as Prefeituras atuam nos equipamentos de saúde com rodas de conversa e nas salas de espera, durante todo mês.
 
Entre as cidades da região, Suzano conta com 147 pacientes que fazem hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em uma clínica particular existente na cidade, inseridos pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), do Governo do Estado de São Paulo, com quem a unidade tem um convênio, já que esse tipo de especialidade não é oferecido na rede municipal.
 
Neste mês, a cidade realiza uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Comunicação Pública com uma série de vídeos orientativos sobre a data, os cuidados e como buscar ajuda.
 
Todos os conteúdos serão gravados com médicos da rede municipal e disponibilizados nas redes sociais da Prefeitura de Suzano.
 
Dentre os municípios, Mogi das Cruzes atende os pacientes com DRC pelo Instituto de Nefrologia do município, os tratamentos de portadores também são realizados nesta unidade, de responsabilidade exclusivamente do Estado. 
 
São, pelo menos, 300 pacientes, segundo apurou o DS. Em Ferraz, as ações serão realizadas nos equipamentos de saúde com rodas de conversa e nas salas de espera.
 
O município atua apenas na rede primária e os casos de tratamento são direcionados para a rede estadual através da Cross. Em Itaquaquecetuba, calcula-se 121 pacientes diagnosticados. A Secretaria de Saúde do município trabalha ativamente nas ações e atendimentos direcionados a casos de hipertensão, considerado o grande vilão da doença.
 
As atividades ocorrem regularmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), inclusive com a formação de grupos.
 
Entre os municípios verificados, Arujá tem ações pontuais e orientações nos equipamentos de saúde. A cidade registrou cerca de 50 pacientes em tratamento de terapia renal substitutiva, a hemodiálise, em clínicas referenciadas pelo Estado e outros em acompanhamento pela especialidade de Nefrologia nos AMEs e hospitais referenciados.
 
O município de Guararema atende o protocolo de DRC em toda a rede assistencial. 
 
No sistema de saúde de Santa Isabel há 47 pacientes. As outras cidades da região não retornaram o contato.
 
DOENÇA
 
Segundo o Ministério da Saúde, a DCR, é um termo geral para alterações que afetam tanto a estrutura quanto a função renal, com diversas causas e fatores de risco. 
 
Trata-se de uma doença prolongada, mas que muitas vezes torna-se grave.
 
Suzanense conta rotina e tratamento da doença
 
A suzanense, Eloisa Cristina Mosco da Silva, de 58 anos, foi diagnosticada com Doença Renal Crônica há 20 anos. Para ela, a partir do tratamento consegue conviver normalmente com a doença, mas disse que sente falta de quando a vida não girava em torno dos cuidados com a DRC.
 
“Sobrevivo mas sinto saudade de ser livre. É um tratamento que auxilia na vida, mas causa desconforto, fraqueza e até problemas emocionais”, lamenta. Eloisa reforça a necessidade de conscientização em formato de campanhas, não apenas durante o mês de março, mas sim, durante todo ano pela Secretaria de Saúde.
 
“É necessário que façam divulgação para que os cidadãos saibam sobre a doença, seu tratamento e como prevenir. A prevenção é o único remédio”, destaca.

Diário de Suzano: Eloísa, como você é afetada pela DRC?

Eloisa: Partindo de uma perspectiva emocional, a aceitação da doença e o início do tratamento foi um processo complicado. Nesse sentido, a complicação passou a ser rotineira, a alimentação se tornou extremamente controlada, muitas práticas alimentares tiveram que ser excluídas, novos alimentos entraram na rotina, muita das vezes, coisas ruins, que não eram saborosas ao paladar. O cuidado excessivo da família se torna sufocante, você não pode mais realizar suas atividades sem sentir fadiga ou alguma pessoa perguntando se você está bem. A principal parte afetada, em minha opinião, foi em relação ao primeiro cateter, localizado no pescoço. Era visível, grande, desconfortável e atrai olhares de todos, de julgamento, de estranheza e, em alguns momentos, até de nojo. Depois da troca desse cateter, a satisfação de ver o pescoço livre era muito boa, porém, a fístula, cateter localizado no braço, no meu caso, fez com que a movimentação do braço se tornasse quase nula. 

DS: Quando foi diagnosticada com a DRC?

Eloisa: O diagnóstico de uma possível alteração no funcionamento do rim foi há 20 anos, quando foi falado que caso não cuidasse, resultaria numa total insuficiência renal. A partir disso, foi iniciado um tratamento conservador, com consultas, exames e medicações. 

DS: Como lida com a doença no dia a dia? Como se sente?

Eloisa: A rotina, embora pesada por conta dos três dias de tratamento, acaba por se tornar natural, mas cansativa. É um tratamento que auxilia na vida, mas causa desconforto, fraqueza e até problemas emocionais. Tirando essa questão, consigo conviver normalmente, mas sinto falta de quando minha vida não girava em torno dessa obrigação que são as máquinas.