Caderno D

Olivia Araujo se destaca como empregada espaçosa na novela ‘I Love Paraisópolis’

30 JUL 2015 • POR • 08h00

O nome dela é Melodia Pernambucano Freire, em homenagem ao escritor pernambucano Marcelino Freire. Mas a arte da empregada de Soraya (Letícia Spiller), em "I Love Paraisópolis", não é escrever. A moça gosta mesmo é de falar muito e inventar palavras. Uma característica que a paulistana Olivia Araujo, sua intérprete, sabe aproveitar. "Quando Melodia virou governanta da casa, ela dizia que era a governante porque era a mandante do pedaço. Já 'governosa' é uma mistura de governanta com gostosa. Ela não inventa palavras porque não sabe português. Ela faz adaptações que lhe caem como uma luva", aponta a atriz. Melodia é enxerida, língua-solta, adora ouvir conversas atrás das portas e sabe como poucos lidar com as provocações do pomposo Júnior (Frank Menezes), mordomo e "capacho" de Soraya. "Melodia sofre bullying. Júnior a chama de favelada o tempo todo, mesmo sendo morador de Paraisópolis como ela. Por isso Melodia o ironiza tanto", diverte-se Olivia. Apesar do jeitinho fofoqueiro, Melodia não é maldosa. Para a atriz, a personagem encontrou uma forma de sobreviver em um lugar cheio de malucos. "Na casa de Soraya, quase todos são completamente 'fora da casinha'. Para trabalhar ali tem que entrar no jogo deles", analisa. Olivia acredita que, apesar da comicidade de suas cenas na novela das 19 horas da Globo, há um lado mais sério em seu texto. "Melodia queria ser governanta para ganhar R$ 26 a mais. Só que descontam R$ 20 cada vez que ela comete uma 'infração'. Ela é pau para toda a obra: limpa, passa, cuida das crianças e até cozinha. Há muito humor, mas também é uma crítica social", defende. A visibilidade conquistada com "I Love Paraisópolis" é grande, mas Olivia vive um momento de reconhecimento em dobro na carreira. Além de interpretar Melodia, ela também está no elenco de "Chiquititas", em reta final no SBT, como a batalhadora Shirley. "Chiquititas estreou com uma frente de capítulos enorme. Terminei de gravar em janeiro e assinei contrato em março com a Globo", explica. A aparição simultânea em dois canais abertos, porém, também rendeu algumas críticas, segundo a atriz. Houve quem não aprovasse sua escalação para viver duas empregadas domésticas em novelas diferentes. "Shirley começou como empregada, mas se torna sócia de um bar. Já fiz manicure e auditora fiscal na TV e nunca falaram nada sobre isso", lamenta Olivia, que demonstra orgulho por representar esse tipo de profissional na televisão. "Sou filha e neta de empregadas domésticas. E sempre morei em casa própria e estudei com a ajuda do dinheiro que minha mãe ganhava", valoriza. Ela acredita, no entanto, que o negro ainda é tratado como se vivesse à margem da sociedade no Brasil. "Há médicos, jornalistas, publicitários, juízes, dentistas e advogados que são negros. Mas não há negros do meu tom de pele em campanhas publicitárias, por exemplo. Parece até que nós não consumimos", reclama.