Eleitores com idade entre 16 e 17 anos crescem 110% e superam 14 mil na região
Cientistas políticos ouvidos pelo DS analisam a importância do voto jovem
O Alto Tietê registrou um crescimento expressivo de 110% no número de eleitores com idade entre 16 e 17 anos, período em que a emissão de títulos de eleitor ainda não é obrigatória, mas permitido o voto.
O aumento se dá no comparativo entre 2020 e 2022, quando a região teve 6.675 e 14.066 eleitores neste período de idade, respectivamente.
O crescimento se dá principalmente pela população com idade de 16 anos, que saltou de 1.242 para 4.929, ou 296% a mais de títulos emitidos.
Já entre as pessoas com 17 anos, o crescimento foi de 68%, passando de 5.433 para 9.137.
Cinco cidades
Das cinco principais cidades da região, Suzano teve o maior crescimento, passando de 718 para 2.618, o que representa crescimento de 264,6%.
Mogi é a segunda na lista, com crescimento de 239%, decorrente de 994 emissões em 2020 e 3.378 em 2022.
Poá é a terceira, com 174% de crescimento. Os números passaram de 339 para 929. E Ferraz saltou 152%, passando de 596 para 1.504.
Apenas Itaquá teve queda na região. A cidade passou de 3.255 emissões para 3.124, queda de 4%.
Para ver os dados das demais cidades, veja a tabela ao lado.
Especialistas
O DS buscou dois especialistas em política e sociedade para entender mais sobre o voto jovem e esse exponencial crescimento.
Para o sociólogo Afonso Pola, o crescimento deve-se, provavelmente, à pandemia de Covid-19, que impediu o voto em 2020, e com a flexibilização em 2022, muitos foram tirar o título.
“Além disso (da pandemia), o nível de polarização que já estava estabelecido no país, foi um fator a mais para a mobilização do eleitorado, incluindo aí os eleitores de 16 e 17 anos”, explicou o especialista.
Votar é exercer o seu ‘sujeito político’, explica especialista
Questionados sobre a importância do voto jovem na sociedade brasileira, Afonso fala em “sujeito político”, que só é exercido com o voto, pois, segundo analisa, é por meio dele que podemos mudar os rumos da sociedade, mas ressalta que o voto jovem não é tão expressivo na quantidade e sim na qualidade.
“O impacto do voto jovem, ele não é muito significativo do ponto de vista quantitativo, já que o percentual de jovens com essa idade no conjunto da população é pequeno. Mas do ponto de vista qualitativo, o impacto é positivo, pois eles costumam participar de uma forma mais consciente”, disse.
O cientista político, Eduardo Caldas, compartilha das mesmas opiniões de Afonso, e ressalta que “o voto é o exercício da democracia”.
“Acredito que democracia se aprende praticando. Então quanto mais eleição, melhor. Eleição para grêmio, para conselho de escola, para associação de bairro. Percebe que muitos dos vícios e das virtudes das eleições municipais (prefeito e vereador) estão reproduzidos nos outros espaços”, afirma.
Ele ainda vai mais fundo, e diz que é a favor da filiação partidária.
“Então apesar dos pesares, vale a pena a prática da eleição! A eleição é fundamental no processo democrático. Não é suficiente, mas é fundamental”, disse Eduardo.
Afonso é favorável a campanhas que incentivem o voto jovem, “e toda campanha que incentive a participação política das pessoas”. Porém, questionado sobre obrigar o voto para pessoas com 16 anos, ele é contrário e ressalta: “Sou contra o voto compulsório para todo o eleitorado.
Normalmente, quando o voto tem essa característica, parte do eleitorado escolhe seus representantes sem muito critério”.
E ele ainda afirma que a obrigatoriedade só não cai “pois ela favorece a determinado tipo de político que é beneficiado por um voto pouco consciente”.(F.B.)