Patrimônio histórico de Mogi inspira curta-metragem
Casarão do Carmo é cenário de filme produzido em oficina de cinema realizada no museu
Alunos de uma oficina de cinema realizada no Casarão do Carmo, no Centro de Mogi das Cruzes, produziram um filme de curta-metragem que tem como inspiração o imóvel colonial construído no século XIX. A produção cinematográfica, intitulada Zilá, está na fase de pós-produção e tem estreia marcada para 23 de novembro de 2024, com exibição no Centro Cultural. O curta-metragem é resultado da oficina RacioCINEMA, promovida pela produtora Raciocinando Filmes e financiada com verba da Lei Paulo Gustavo em parceria com a Secretaria de Cultura de Mogi das Cruzes. O curso visa capacitar jovens para o mercado audiovisual e os participantes do curso são responsáveis por todo o projeto, da escrita do roteiro até sua pós-produção.
Mais do que cenário, o Casarão vai ajudar a contar a história do filme: um thriller de mistério que propõe uma nova lenda urbana para a Cidade. “Nosso maior objetivo é convidar os mogianos a conhecerem e se interessarem mais pela sua história, ainda mais tendo como principal cenário o Casarão do Carmo, que preserva a memória da nossa cidade. Mas queremos fazer isso de maneira lúdica e divertida, assim como a magia do cinema pode nos proporcionar”, explica a produtora executiva do filme e aluna da oficina, Tati Marques.
Segundo o também aluno e diretor da produção, Henry Geraldes, a ideia de utilizar o Casarão como cenário e inspiração surgiu após uma visita guiada realizada durante uma das aulas da oficina, principalmente depois que a funcionária do museu contou algumas das histórias sobre lendas e assombrações do Casarão. “Depois de ouvir as histórias do lugar, ficamos empolgados em contar esse outro lado do museu”, conta Geraldes. No filme, um jovem estudante visita o Casarão do Carmo e se encanta pela simpática guia do museu, mas as coisas se complicam quando a envolvente funcionária revela algo que poderá mudar sua vida para sempre.
Para o professor da oficina, o cineasta e empresário Nando Rodrigues, dono da produtora que promove o curso, a produção do curta-metragem dará aos alunos uma visão mais ampla do que é produzir cinema, especialmente produções independentes, de baixo orçamento, fazendo com que todos conheçam o trabalho de cada um e entendam que o cinema é feito por mais pessoas além de atores e diretores. “A ideia da Oficina é justamente possibilitar que os alunos aprendam a fazer cinema na prática, com a vivência de um set de filmagens, mas utilizando a criatividade à seu favor, e assim, produzir um curta com muita qualidade, mesmo tendo poucos recursos.” explica o cineasta.
Espaço cultural Localizado no Largo do Carmo, o Casarão sempre foi um espaço cultural importante para a cidade. Construído para ser casa de veraneio do médico Celestino Bourroul e sua família, o local era palco de diversos encontros e saraus. Mais tarde, o imóvel abrigou estabelecimentos comerciais no mínimo inusitados, como funerária, velório municipal e pizzaria. Na década de 1980, a Prefeitura desapropriou o imóvel e o transformou em sede da Biblioteca Municipal e atualmente é um importante polo de cultura para a cidade, como palestras, cursos, oficinas e lançamento de livros, exibições de filmes, apresentações artísticas e encontros culturais.
O Casarão abriga ainda o Museu Mogiano, o mais antigo da Cidade, com uma sala dedicada a um dos maiores historiadores de Mogi das Cruzes, Isaac Grinberg, reunindo diversas peças importantes para a história da Cidade. Entre as peças de maior destaque no acervo, está uma bandeira do Império, bordada com ouro sobre tecido adamascado. Há uma lenda que diz que a comitiva de Dom Pedro I, recém-autoproclamado imperador do Brasil, teria esquecido a imponente bandeira do Império em Mogi das Cruzes, quando passou pela então Vila de Sant’Ana de Mogi Mirim. Porém, essa história não foi ainda confirmada. O que se sabe com certeza é que a bandeira foi criada e instituída em 18 de setembro de 1822, 11 dias após a Proclamação da Independência e oito dias depois da passagem do imperador por Mogi das Cruzes. Seria a bandeira exposta no Casarão do Carmo uma prévia da oficial ou será mesmo apenas uma lenda?
Para conhecer essas e outras histórias, a entrada para o Museu Mogiano e Casarão do Carmo é gratuita. Maiores informações e agendamento de escolas e grupos interessados em visitar o local, ligue para 4725-3448