Nacional

Procuradoria vai denunciar Cunha e Collor na Lava Jato por corrupção

20 AGO 2015 • POR • 08h00

A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve denunciar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. A informação foi confirmada à reportagem por fonte com acesso às investigações. As denúncias, por corrupção e lavagem de dinheiro, serão as primeiras envolvendo políticos com prerrogativa de foro. Elas são baseadas em depoimentos de delatores da Operação Lava Jato e em provas colhidas pelo Ministério Público Federal (MPF) em diversas fases da investigação, entre elas as buscas em imóveis de Collor, na chamada Operação Politeia, em julho. O senador do PTB é suspeito de receber R$ 26 milhões em propinas, entre 2010 e 2014, desviados da estatal petrolífera. Esses recursos teriam sido usados para a compra de carros de luxo, apreendidos no mês passado pela Polícia Federal (PF). Ainda ontem, Cunha comentou que qualquer partido tem o "direito democrático" de pedir sua saída, mas que não pretende se afastar. "Eu não farei afastamento de nenhuma natureza. Vou continuar exatamente no exercício pelo qual eu fui eleito pela maioria da Casa. Estou absolutamente tranquilo e sereno com relação a isso". Na iminência de ser denunciado por Janot, o parlamentar ainda reagiu a um ofício da PGR encaminhado ao PSOL em que o órgão nega que investigações feitas na Casa tenham tido acesso aos computadores dos 513 deputados. O PSOL havia encaminhado um pedido de explicações a Janot com base num relato de Cunha de que a ação realizada na Câmara vasculhou dados de todos os parlamentares. No documento enviado ao partido, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz não só que é inverídica a informação, como classificou a afirmação de Cunha aos líderes partidários de "no mínimo leviana". Na ocasião, a ação na Casa foi solicitada pela PGR e autorizada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). No dia 4 de maio, Zavascki autorizou que um oficial de Justiça fosse ao Departamento de Informática da Câmara para retirar cópias que pudessem comprovar a autoria de Cunha em um requerimento que poderia ajudar nas investigações referentes ao suposto envolvimento do presidente da Câmara. Janot respondeu que a ação teve como foco Cunha e a ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ). "A leviandade da declaração reside no fato de que tenta usar como escudo a instituição Câmara dos Deputados - e, pela via da desinformação, seus pares - para atacar o Ministério Público Federal, embora a crítica à diligência seja de interesse exclusivo para a defesa do deputado Eduardo Cunha", declara Janot no ofício enviado ao líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).